A mãe de Jorge Corrula morreu quando este tinha cinco anos. O ator viveu com a avó durante sete anos. No 'Alta Definição', da SIC, o companheiro de Paulo Lobo Antunes falou sobre as consequências da perda em tenra idade.

"Acho que as únicas pessoas com as quais eu sou afetuoso, em termos de tacto, é com a minha família, a Paula e as minhas filhas, se calhar porque não tive esse lado maternal. Se calhar ter essa consciência de que não tive esse afeto, esse tacto, faz com que eu não me sinta confortável", revelou.

Ao ser questionado por Daniel Oliveira sobre se tinha alguma "memória" da progenitora, Teresa, o ator explicou: "Olho para a fotografia e não me é familiar". Só anos mais tarde é que Jorge Corrula descobriu a causa da morte da mãe. "Encontrei um dia, por acaso, na casa do meu pai, a certidão de óbito e vi que tinha sido uma septicemia. Na altura, o que foi comunicado à família foi que foi uma morte que de repente", relembrou.

"Eu fui criado com a minha avó durante sete anos e quando a minha avó morreu, para mim foi a perda de uma mãe. Foi aí que senti que se calhar tenha feito o luto ou que tenha reconhecido a perda da figura maternal", acrescentou.


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Sobre a sua infância, o ator esclareceu que cresceu "com noção daquilo que tinha": "Não achei que me faltasse, se calhar às vezes olhava para os outros colegas de turma e vi que tinham mais coisas do que eu. Por exemplo, eu tinha assistência social na escola e, portanto, isso quer dizer alguma coisa, é sinal que eu tenho mais necessidades que os outros porque me faltam coisas", explicou.

"Acho que apesar de tudo, da dor e de algumas ausências na minha vida, à distancia consigo perceber que foi uma infância feliz. Se eu não tivesse esta infância, eu duvido que fosse ator porque o trabalho de ator é muito solitário, de investigação, de criatividade, de introspecção, e eu usei muitas vezes alguns personagens para o grito de dor que estava cá dentro. Alguns personagens permitiram-me viver coisas que eu não me permitia viver", frisou.


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