Serão três concertos exclusivos, todos com início às 21h00, cada um com uma identidade diferente, explicou à agência Lusa João Janeiro, que dirige a formação a partir do cravo.

A temporada tem início na sexta-feira, dia 11 de abril, na Igreja Matriz de Idanha-a-Nova, no distrito de Castelo Branco, onde a obra de J.S. Bach será levada ao público com "um formato ligeiramente diferente", antecipou o maestro.

As partes vocais da composição serão ligadas pelo desempenho de uma atriz da companhia Ajidanha, de Idanha-a-Nova, Alexandra Solange, que interpretará os momentos mais dramáticos dos coros da "Paixão segundo São João".

"É uma recitação, semiencenada, para dar enquadramento ao texto da 'Paixão'", remetendo, segundo João Janeiro, "para um contexto original das oratórias do período barroco".

No sábado, o CIOB apresenta a "Paixão segundo São João" em versão integral, na Igreja Matriz do Crato, no distrito de Portalegre.

Na Sé Concatedral de Castelo Branco, no domingo, dia 13 de abril, a produção é apresentada com "uma particularidade que nunca é feita, mesmo quando são feitas as 'Paixões' na Gulbenkian [em Lisboa] ou na Casa da Música [no Porto]", salientou o maestro.

"A partitura da 'Paixão segundo São João' está dividida em duas partes e, no final da primeira parte, o próprio compositor diz: 'Começar a segunda parte depois do sermão'".

Tal como em anteriores temporadas de Páscoa, em Castelo Branco voltará a ser respeitada essa indicação: "O padre Nuno Folgado, um senhor que é uma força da natureza, decora uma parte dos sermões do padre António Vieira e entra entre a primeira parte e a segunda parte, tal como diz a fonte de Bach, e recita uma parte do sermão".

Esse pormenor, nota João Janeiro, "tem um efeito de teatralidade extraordinário", conferindo ao derradeiro concerto da temporada "este extra particularmente interessante".

Para este ciclo de concertos, o CIOB, que integra sobretudo músicos portugueses e espanhóis, mas também franceses e italianos, contará com "um grupo de solistas de referência nacional e internacional", casos de Eunice Abranches d'Aguiar (soprano), Julian Schmidlin (contralto), João Terleira (tenor) e Tiago Mota (baixo).

Segundo o CIOB, as "Paixões" de Bach "são das obras mais exemplares de toda a história da música europeia".

Destinada a ser executada para a entrada do compositor ao serviço da cidade de Leipzig, em 1723, como mestre (Kantor) da Igreja de São Tomé, a "Paixão segundo São João" acabou por ser estreada só na Páscoa de 1724, na Igreja de São Nicolau da mesma cidade, tendo depois tido diferentes apresentações com versões diversas, das quais estão identificadas quatro.

A Temporada da Páscoa 2025 é a nona produção do ciclo de paixões, organizado desde 2016 pela MAAC - Música Antiga Associação Cultural, que gere o CIOB.

Habitualmente repartida por Oeiras e Castelo Branco, este ano a Temporada da Páscoa decorre no interior de Portugal, "em sítios históricos muito bonitos e especiais", destacou o maestro João Janeiro.