
O poema “Sangue negro” da poetiza moçambicana Noémia de Sousa, vai juntar em Lisboa artistas de Angola, Moçambique e Brasil em um espectáculo de dança, canto e palavras para refletir.
“O Sangue de todas as cores – África em nós” é o nome do espectáculo multidisciplinar, da Companhia João Garcia Miguel, que esta Terça-feira, 10, sobe ao palco do espaço Damas.
Segundo o autor do texto e director artístico, João Garcia Miguel conheceu parte deste poema numa das visitas que fez a Moçambique, o que o levou a querer conhecer não só este poema, como a obra de Noémia de Sousa.
Ao poema, diz a Lusa, juntou-se a sua vontade de “trabalhar algo que tem muito a ver com os intérpretes, os corpos africanos, a relação com a África” e o relacionamento com “os corpos, os intérpretes, o actor africano, o bailarino africano, a expressão performativa africana”.
Para o palco, João Garcia Miguel conduziu a desconformidade que Noémia coloca na sua poesia, relacionando as viagens, o esclavagismo, o tráfico de escravos, a relação da África com o Brasil.
“Relacionámos muito esta ideia com o Brasil, esta ideia de um sangue negro que também viajou para o mundo todo e criou, no fundo, uma cultura com várias formas de expressão”, adiantou.
E acrescentou: “O público irá encontrar um espectáculo que é uma espécie de assembleia popular, muito próxima do público, muito íntima, que convoca a ideia do espaço público, de reunião, manifestação de fraternidade e de solidariedade, que leva as pessoas a confrontarem-se com esta ideia entre aquilo que é cada um com o seu sonho de vida e a ideia de que o sonho de vida só é possível se nós também alimentarmos algo que é colectivo”.