Portugal pagou aos investidores esta quinta-feira 3,074% na colocação de 4 mil milhões de euros em uma operação sindicada de lançamento de uma nova linha de Obrigações do Tesouro no prazo a 10 anos, segundo o comunicado oficial publicado pela Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) ao final da tarde. A procura foi de 25,6 mil milhões de euros, muito superior a uma operação similar realizada em janeiro do ano passado.

A emissão é a primeira do ano e arrecadou já 20% do total de dívida obrigacionista que o IGCP prevê colocar este ano. Cerca de 84% da emissão foi adquirida por estrangeiros, com a maior fatia (28,3%) de investidores sediada no Reino Unido. Os gestores de fundos compraram 42,5% da emissão e o sector bancário adquiriu 23%. Se, na sindicação similar no ano passado, os investidores portugueses compraram 17,2% na operação, agora, essa percentagem desceu 1 ponto percentual.

O juro médio pago na operação, pouco acima de 3%, ficou abaixo da taxa de 3,141% paga pelo Tesouro belga numa operação sindicada no prazo a 10 anos realizada a 7 de janeiro e foi claramente inferior ao juro de 3,733% pago pelo Tesouro italiano numa operação similar realizada a 8 de janeiro.

No entanto, enquanto a procura na operação portuguesa foi 6,4 vezes superior à emissão, na sindicação belga atingiu um recorde de 12,7 vezes e na italiana 10,76 vezes. O Tesouro belga colocou 7 mil milhões de euros e registou uma procura recorde de 89 mil milhões e o Tesouro italiano emitiu 13 mil milhões e teve uma procura de 140 mil milhões.

Face ao juro de 2,51% pago pelo Tesouro alemão numa emissão a 10 anos, com vencimento em 2035, realizada esta quinta-feira, o spread da colocação portuguesa foi de 56,4 pontos-base. No caso da emissão belga, o spread é superior ligeiramente a 60 pontos-base e para a italiana ficou em 122 pontos-base, acima da linha vermelha de 100 pontos-base, a partir da qual a dívida se situa na 'periferia' do euro.

Os investidores exigem um prémio de risco para a dívida portuguesa de médio e longo prazo que aproxima Portugal do grupo do ‘centro’ do euro, onde se encontram a Alemanha, Países Baixos, Irlanda, Finlândia e Áustria.

São esperadas ainda em janeiro e começo de fevereiro, operações sindicadas de lançamento de novas linhas de referência obrigacionistas por parte da Áustria, Espanha, Finlândia, França, Grécia e Irlanda.

Uma operação sindicada distingue-se de um leilão de dívida, pois é organizada por um sindicato de bancos. No caso português pelos BBVA, BNP Paribas, CaixaBI, Crédit Agricole CIB, J.P. Morgan e Morgan Stanley.