“Foi uma reunião produtiva e pragmática. Saiu dali uma sugestão de fazerem um manifesto, uma carta, solicitando a prorrogação desse prazo. Até porque precisa de previsibilidade pra classe empresarial poder se adequar, especialmente o setor de produtos perecíveis”, explicou o senador Nelsinho Trad, do PSD, do Mato Grosso do Sul.

A carta, que virá da própria Câmara do Comércio Americana, deve ser produzida e enviada a Casa Branca ainda está semana.

“Nós estamos buscando uma pacificação e um ajeitamento dessa relação que esfriou”, explicou Trad, que reconheceu que a chance de uma prorrogação ou até mesmo redução da tarifa “é difícil”.

Os parlamentares brasileiros, tanto da base quanto da oposição do governo Lula, são, principalmente, de estados brasileiros que exportam para os EUA, como São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.

Como apurou o correspondente da SIC, Anthony Wells, que está Washington D.C., eles se reuniram com lideranças de grandes empresas como Caterpillar, DHL, IBM, Shell USA, Johnson & Johnson, Merck, S&P Global e Kimberly-Clark.

O objetivo é sensibilizar esses diversos setores americanos de que as tarifas iriam prejudicar, também, os EUA.

“O nosso pedido é para as corporações e empresas que têm negócios com o Brasil se manifestarem pelo adiamento, pelos prejuízos que isso vai causar aos dois países”, pontuou o senador Carlos Viana, do Podemos, de Minas Gerais.

Apesar do vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin, ter conseguido conversar com o secretário de Comércio americano Howard Lutnick, o Itamaraty tem encontrado dificuldade para dialogar diretamente com a Casa Branca.

Os senadores ficarão nos EUA até quarta-feira mas não há perspectiva de qualquer encontro com representantes da Casa Branca. No entanto, ainda está na mesa a possibilidade de um encontro ou telefonema entre os presidentes dos dois países.

“O líder de governo [americano], que está aqui, já propôs que a Câmara [dos EUA], possa intermediar também, um encontro entre os dois presidentes, o mais rapidamente possível”, concluiu Viana.

O chanceler brasileiro Mauro Vieira está em Nova Iorque para a conferência da ONU sobre a situação da Palestina e cogita uma vinda a Washington, para tentar destravar as negociações.

Para as autoridades brasileiras, esse ‘tarifaço’ teria intenções politicas, para pressionar a justiça brasileira a suspender o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, réu em uma investigação que apura tentativa de golpe de estado, depois das eleições presidenciais de 2022.

Até sexta-feira, primeiro dia de agosto, o Presidente Lula deve receber de sua equipe um plano de contingência para auxiliar os segmentos mais atingidos com, por exemplo, linhas de créditos e compras públicas dos produtos que seriam exportados.

Uma alternativa, também, seria redireccionar os produtos para outros países, mas essa possibilidade levará mais tempo, por conta dos contratos já assinados com empresas americanas.