O ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane rejeitou nesta Quarta-feira que as manifestações por si convocadas causaram mais danos do que a “Guerra dos 16 anos”, após o Presidente moçambicano comparar as destruições pós-eleitorais com os daquele conflito armado.

“Durante a ‘Guerra dos 16 anos’, alguns não sabem, a avaliação que foi feita até este momento é de um milhão de mortos, isto segundo as Nações Unidas e aquilo que foi possível contabilizar ou inventariar, porque há muitas pessoas que desapareceram e sequestradas e nunca mais vistas”, disse o político Venâncio Mondlane, durante uma transmissão em direto na sua conta oficial do Facebook.

“Durante os 16 anos de guerra (…) foram quatro a cinco milhões de deslocados internos, entre províncias, pessoas que fugiam a perigo de vida. Só de pessoas que se deslocaram para fora do país, foi um milhão de deslocados, sobretudo[para] Malaui, Zimbabué e na África do Sul”, acrescentou.

Em 27 de Julho, o Presidente moçambicano afirmou que o nível da destruição na província da Zambézia nos vários meses de protestos pós-eleitorais foi superior aos da guerra civil, com a Renamo, descrevendo o cenário como “só visto”.

“Os danos são piores do que aqueles que a ‘Guerra dos 16 anos’ causou nestas vilas que estou a fazer referência aqui na província da Zambézia. E é só visto, dito ninguém acredita”, afirmou naquela data Daniel Chapo.

“São bens públicos e privados, o prejuízo é enorme. Estas vilas que eu estou a falar aqui, Morrumbala, Mocubela e o distrito da Macurra, mesmo durante a ‘Guerra dos 16 anos’ não houve este nível de destruição que aconteceu durante as manifestações. Durante a ‘Guerra dos 16 anos’, a Renamo chegou à vila, invadiu, mas vivia nestas casas”, apontou Chapo, assumindo que estas vilas ficaram “totalmente destruídas” nos protestos, incluindo hospitais ou mercearias, apelando à reconciliação nacional.

Nas suas declarações, Venâncio Mondlane, citado pela Lusa, criticou a comparação do chefe do Estado, apontando para a gravidade da ‘Guerra dos 16 anos’: “só de minas terrestres levaram 20 anos a serem desativadas em todo o território nacional (…) O PIB tinha caído, a educação tinha caído, há um estudo que mostra que cerca de 30% das escolas primárias estavam inativas”.