
O ministro cabo-verdiano da Promoção de Investimentos e Fomento Empresarial compreende a “expectativa” sobre a venda de um dos principais bancos do país, mas ficou hoje em silêncio sobre o assunto, assinalando a independência do banco central. “É matéria da exclusiva competência do banco central e qualquer palavra que eu possa dizer, a menos ou a mais, pode soar mal: eu compreendo a pergunta e há de compreender também o meu silêncio na resposta”, disse Eurico Monteiro, quando questionado pelos jornalistas sobre a duração do processo de análise do Banco de Cabo Verde (BCV) em relação à venda do Banco Comercial do Atlântico (BCA), do grupo Caixa Geral de Depósitos (CGD), ao Coris Holdings, do Burkina Faso.
“É normal que as pessoas, de uma forma geral, estejam expectantes: há uma proposta, há uma manifestação de interesse, ainda não há uma decisão do banco central”, referiu, à margem de um evento, na Praia, nas instalações do Banco Interatlântico (BI), também do grupo CGD. “É normal que haja, aqui e acolá, por parte das pessoas, das empresas e do próprio requerente, uma expectativa em relação a esta matéria, mas uma coisa é certa: a independência de que goza o banco central recomenda, nesta matéria, que sejamos prudentes e eu creio que a melhor forma de prudência é o silêncio como resposta”, concluiu.
A CGD anunciou, em março de 2024, a venda da participação maioritária (59,81% do capital social do BCA) à Coris Holdings, do Burkina Faso. A venda, por 70,5 milhões de euros, depende de formalidades de direito cabo-verdiano, nomeadamente, do parecer do banco central do arquipélago. Em abril, o governador do BCV disse que o processo de análise estava “na reta final” e que deveria haver uma decisão “em meados de maio”, referindo que o BCV está a cumprir as datas a que a lei obriga.
A decisão ainda não foi anunciada.
A alienação faz parte do plano de reorganização da atividade internacional da CGD, que vai continuar presente em Cabo Verde através do Banco Interatlântico.
A Coris Holding apresenta-se como uma instituição financeira aprovada pela Comissão Bancária da União Económica e Monetária da África Ocidental (UEMOA) e cujas principais atividades estão organizadas em torno do setor bancário sob a marca Coris Bank International, com nove filiais. Além do Burkina Faso (onde está cotada em bolsa), está presente na Costa do Marfim, Mali, Togo, Benim, Senegal, Níger, Guiné-Bissau e Guiné-Conacri. A Coris Holding inclui ainda uma sucursal de financiamento islâmico, o Coris Bank International Baraka, presente noutros sete países.
O sistema financeiro cabo-verdiano conta com oito bancos comerciais, sendo o BCA um dos maiores e um dos dois bancos de “elevada importância sistémica”.
Agência Lusa
Editado por Jornal PT50