
A representante residente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Denise António, disse esta Quarta-feira, 21, em Luanda, que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Angola melhorou em mais de 62%.
“Angola está a progredir. O país está na categoria de desenvolvimento humano médio. Desde 1999 o IDH de Angola melhorou em mais de 62%. A esperança de vida aumentou em mais de 18 anos e os principais indicadores de educação estão a melhorar constantemente”, sublinhou Denise António.
Segundo Denise António que discursava no lançamento nacional e apresentação do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) 2025 do PNUD, com o tema, “Uma questão de escolha: Pessoas e Possibilidades na Era da Inteligência Artificial”, estes ganhos “são louváveis” e mostram que o progresso é possível.
No entanto, referiu que o relatório também recorda que o desenvolvimento humano real e duradouro só pode ser alcançado se for partilhado de forma equitativa.
“A desigualdade de rendimentos, a diferença de acesso aos cuidados de saúde, educação e as persistentes disparidades entre os géneros continuam a ser um obstáculo para muitas pessoas. As mulheres e as raparigas, em particular, continuam sub-representadas na tomada de decisões e sobre representadas entre os mais vulneráveis. Não podemos avançar se deixarmos metade da nossa população para trás”, apontou Denise.
Por outro lado, recordou a representante residente do PNUD que durante mais de três décadas, os Relatórios de Desenvolvimento Humano têm moldado a compreensão de desenvolvimento, afastando a visão do Produto Interno Bruto (PIB), apenas para o verdadeiro centro do desenvolvimento, a expansão das oportunidades, da liberdade e da dignidade das pessoas.
Mas a mensagem deste ano, apontou António, é preocupante e tem de se confrontar uma verdade difícil, o progresso estagnou. Pela primeira vez em 35 anos, o ritmo do desenvolvimento humano global abrandou dramaticamente.
“O aumento da desigualdade entre países e nos países está a ocorrer as bases da oportunidade e da equidade. Estas disparidades não são apenas estatísticas, são experiências vividas”, disse, acrescentado que em África, estima-se que era de 63% da população não tem acesso à Internet e, por conseguinte, está desligada da economia digital.
“Um estudo sobre os países africanos concluiu que cerca de 48% dos africanos não têm acesso aos cuidados de saúde necessários e cerca de 29% vivem a mais de duas horas de distância do hospital mais próximo e em todo o nosso continente, muitas crianças, sobretudo nas zonas rurais, têm de caminhar até 20 quilómetros por dia para a ceder à educação”, informou.
No meio deste quadro preocupante, assegurou Denise, está a surgir um poderoso agente de mudança, a inteligência artificial que está a remodelar as economias, as instituições e a vida quotidiana. A forma como se utiliza esta ferramenta determinará o rumo do continente e do seu povo.
“Sim, a IA é um factor de mudança. Tem um potencial imenso, mas não podemos ser ingénuos. Sem os quadros de governação e os mecanismos de responsabilização adequados, a IA reforçará as desigualdades e deixará comunidades inteiras para trás”, perspectivou a representante residente da PNUD.
De acordo com Denise, não se pode dar ao luxo de não estar preparados porque não se trata apenas de avançar com a inovação e a tecnologia.
“É uma questão de avançarmos juntos com a humanidade e a própria condição da nossa sobrevivência. Ao encontrarmo-nos nesta encruzilhada, Angola tem a oportunidade de alavancar a IA não apenas como uma ferramenta de produtividade, mas como um facilitador do desenvolvimento inclusivo e sustentável”, apelou.