As exportações da China para os países de língua portuguesa alcançaram o melhor arranque de ano de sempre em 2025, somando 19,7 mil milhões de dólares no primeiro trimestre, um crescimento de 2,3% face ao mesmo período de 2024.

De acordo com dados do Serviço de Alfândegas da China, esta é a cifra mais elevada desde que o Fórum de Macau começou a monitorizar o intercâmbio comercial sino-lusófono em 2013. O dinamismo das exportações chinesas deveu-se sobretudo a Angola, que duplicou as suas importações de produtos chineses para 1,58 mil milhões de dólares, destacando-se como o segundo maior mercado no bloco, atrás apenas do Brasil.

Apesar de uma ligeira queda de 2% nas compras, o Brasil continua a liderar como principal destino dos produtos chineses, absorvendo 15,8 mil milhões de dólares em mercadorias. Portugal manteve-se entre os três maiores importadores lusófonos, com um ligeiro aumento de 1,3% nas aquisições, num total de 1,48 mil milhões de dólares.

Ainda assim, o comércio bilateral total caiu 18,6%, revelando sinais de desequilíbrio numa relação que se mantém estratégica.

Com efeito, as exportações dos países lusófonos para a China registaram um recuo expressivo de 30,1%, o pior resultado para um primeiro trimestre desde 2020, em plena pandemia de Covid-19. O Brasil, o maior fornecedor do bloco, viu as suas vendas caírem mais de um terço, enquanto Angola registou uma descida de 10,6%. Portugal, por seu lado, exportou menos 14,4% para o mercado chinês.

Moçambique destacou-se como uma exceção positiva, com um crescimento de 18,5% nas exportações, num sinal de diversificação gradual da sua pauta comercial com a China, impulsionada sobretudo pelo setor mineiro e energético. Já Cabo Verde e a Guiné-Bissau não registaram vendas para o mercado chinês no período analisado, evidenciando as fragilidades estruturais do seu comércio externo.

As trocas globais entre a China e os países de língua portuguesa totalizaram 44,2 mil milhões de dólares nos primeiros três meses do ano, uma quebra que reflete a desaceleração da procura chinesa por matérias-primas e o impacto da instabilidade nos preços internacionais, especialmente no setor agrícola e energético.

Atualmente, a China mantém-se como o maior parceiro comercial de vários países lusófonos e continua a apostar no reforço das ligações económicas, nomeadamente através da nova estratégia de expansão do Fórum de Macau, que visa estimular o investimento direto e as cadeias de valor entre as duas regiões.

Com o cenário internacional em constante mutação e os desafios económicos globais em cima da mesa, o comércio sino-lusófono enfrenta uma nova fase de adaptação, procurando novas áreas de colaboração para além da tradicional troca de bens: energias renováveis, transformação digital e parcerias tecnológicas são hoje palavras-chave para o futuro desta relação estratégica.