O Conselho de Administração da RTP é hoje ouvido no parlamento na sequência da demissão da direção de informação da televisão e da reorganização da empresa, no âmbito de um requerimento do Livre e do PS.

A audição acontece um dia depois de a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) ter dado parecer favorável à nomeação de Vítor Gonçalves para diretor de informação da RTP e à destituição de António José Teixeira.

Na semana passada, o diretor de informação exonerado António José Teixeira foi ouvido na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, no âmbito de um requerimento do PS sobre o mesmo tema.

"As razões da demissão são aquelas que me foram comunicadas", disse, em 16 de julho, António José Teixeira, que por mais de uma vez afirmou que tinham sido a "necessidade de renovação" e "reestruturação", ao longo de cerca de uma hora de audição.

Sobre as audiências da RTP3, o responsável salientou, por várias vezes, que "os resultados não se alteraram nos últimos três anos".

Contudo, isso "não quer dizer que estejamos satisfeitos com eles", prosseguiu na altura, salientando que por essa razão estavam a ser feitos investimentos para a melhoria dos resultados e da oferta.

António José Teixeira era diretor de informação da RTP há mais de cinco anos, tendo sido indigitado para o cargo em 07 de janeiro de 2020 e foi informado da sua exoneração em 23 de junho.

No final da audição, o deputado socialista Porfírio Silva considerou que as razões invocadas pelo Conselho de Administração da RTP para a demissão da direção de informação da televisão "não existem".

"Ficou muito claro que as razões invocadas anteriormente não existem, porque as razões invocadas pela administração eram os resultados, designadamente os resultados do canal de informação da RTP3", afirmou na altura o deputado.

"Na realidade, escrutinados" os relatórios, entre outros, "afinal os resultados da RTP3 não são piores do que anteriormente, aguentaram-se melhor do que a concorrência, a RTP não é só a RTP3, a informação da RTP está maioritariamente na RTP1 e não na RTP3 e em outros meios", prosseguiu Porfírio Silva, quando questionado sobre se o PS tinha ficado esclarecido com a audição.

A RTP3 é dos quatro canais de informação aquele que regista menor audiência, embora a que a mantém mais constante ao longos dos anos, de acordo com uma análise da Universal McCann (UM) para a Lusa.

Na análise à evolução das audiências desde 2021, "dos quatro canais de informação, a RTP3 é o canal que regista menor audiência, contudo é o canal que mantém uma audiência mais constante ao longo dos anos".

Durante este período, a RTP3 registou a menor audiência no dia 22 de maio de 2021, quando a audiência média foi de cerca de 6.000 telespetadores, o que correspondeu a um 'share' de 0,3%.

Em sentido inverso, a maior foi registada em 18 de maio deste ano, quando a audiência média foi de cerca de 41.000 telespetadores, o que correspondeu a um 'share' de 1,6%.

O presidente da RTP, Nicolau Santos, tem defendido que é preciso fazer algo na RTP3.

Já em 18 de junho de 2024, na mesma comissão parlamentar, defendeu a necessidade de refundar a RTP2, considerando que estava a perder terreno face à concorrência.

Para esclarecer todas as dúvidas, a administração da RTP é ouvida esta manhã na comissão parlamentar sobre a demissão da direção de informação de televisão da RTP e respetiva organização.

Numa segunda parte, o presidente da RTP será ouvido, a requerimento do Partido Juntos Pelo Povo (JPP), sobre a autonomia editorial e os recursos técnicos e humanos da RTPMadeira, de acordo com a agenda.