
O Banco de Moçambique alertou para a deterioração na carteira de crédito da banca nacional, com o incumprimento a subir em 2024 e os clientes a deverem o equivalente a mais de 400 milhões de euros.
No relatório de estabilidade financeira, o banco central refere que o rácio de NPL (crédito em incumprimento e considerado problemático) fixou-se em 2024 em 9,32% do total, contra 8,23% no ano anterior, “continuando acima do limite máximo de 5,0%, convencionalmente aceite”.
“Este aumento reflete uma deterioração da qualidade da carteira de crédito e a mudança da tendência registada nos anos anteriores”, lê-se no documento.
Acrescenta que o crédito em incumprimento totalizou 30,41 mil milhões de meticais (405,6 milhões de euros) em 2024, contra 26,5 mil milhões de meticais (353,5 milhões de euros) registados em 2023, o que representa um aumento de 12,88%, sendo o “mais evidente” nos bancos considerados sistémicos no país.
“O rácio de cobertura do NPL mostra uma tendência para redução gradual ao longo do tempo. Em 2024, este fixou-se em 60,29%, contra 66,02% registados no período homólogo de 2023”, aponta ainda.
O relatório do banco central refere igualmente que o crédito reestruturado total atingiu no ano passado os 25,68 mil milhões de meticais (342,5 milhões de euros), “representando 9,47% da carteira total” da banca.
A nível setorial, a agricultura, transportes e comunicações, bem como o comércio, “concentram as maiores cifras de incumprimento”, chegando em dezembro último a rácios de NPL de 16,14%, 14,27% e 11,02%, respetivamente, “refletindo em parte o impacto dos choques climáticos nestes ramos de atividade económica”.
Funcionam em Moçambique 15 bancos comerciais e 12 microbancos, além de cooperativas de crédito e organizações de poupança e crédito, entre outras.
Agência Lusa
Editado por Jornal PT50