
O concurso lançado este mês pelo Banco Central Europeu (BCE) para as novas notas de euro já se encontra envolto em polémica. Um dos temas selecionados, “Cultura Europeia”, inclui, para a nota de 20 euros — uma das mais utilizadas na zona euro — a figura da cientista Marie Curie, a primeira mulher a receber um Prémio Nobel (da Física, em 1903), em parceria com o marido, Pierre Curie, e o cientista francês Henri Becquerel.
A polémica surge porque Marie Curie nasceu Maria Salomea Skłodowska, em Varsóvia, a 7 de novembro de 1867. Apenas mais tarde adquiriu a nacionalidade francesa, mas nunca abdicou do seu nome polaco, assinando sempre Marie Skłodowska Curie. Este facto levou a eurodeputada polaca Joanna Scheuring-Wielgus, do grupo socialista, a escrever uma carta à presidente do BCE, Christine Lagarde, chamando a atenção para a necessidade de não ignorar o nome polaco da cientista.
Em resposta, Christine Lagarde admitiu que “o BCE reconhece plenamente a importância da forma como os nomes de todas as personalidades poderão vir a ser apresentados nas futuras notas de euro”, acrescentando que “nesta fase, ainda não foi tomada qualquer decisão sobre se, ou de que forma, esses nomes serão integrados no desenho, caso o tema ‘Cultura Europeia’ seja selecionado”.
No caso específico de Marie Curie, a presidente do BCE adiantou que, “por enquanto, referimo-nos a ‘Marie Curie (nascida Skłodowska)’ em todas as nossas comunicações públicas, refletindo a sua dupla identidade e reconhecendo tanto o seu reconhecimento global como o seu património e as suas profundas contribuições para a ciência e a sociedade”.
Christine Lagarde sublinhou ainda que o BCE está a consultar vários especialistas, “bem como os seus descendentes e o Instituto Curie, para determinar a forma mais adequada de nos referirmos a ela. Esta abordagem colaborativa garante que o nosso processo respeita o seu legado, ao mesmo tempo que ressoa junto do público em geral”.
Recorde-se que, dentro do tema “Cultura Europeia”, os motivos propostos são: na nota de 5 euros, a famosa soprano Maria Callas; na de 10 euros, o compositor alemão Ludwig van Beethoven; na de 20 euros, a cientista Marie Curie; na de 50 euros, o escritor espanhol Miguel de Cervantes; na de 100 euros, o inventor Leonardo da Vinci; e na de 200 euros, a romancista e ativista política Bertha von Suttner.
O JornalPT50 questionou o BCE sobre a ausência de personalidades portuguesas neste concurso. Uma fonte do BCE respondeu: “O processo de seleção foi muito extenso e levou em consideração muitos fatores diferentes. As personalidades escolhidas devem representar a Europa como um todo, e não apenas um país específico”.