
A Autoridade Bancária Europeia (EBA) publicou nesta sexta-feira o seu Relatório de Avaliação de Riscos do sistema financeiro europeu. Foi analisada uma amostragem dos balanços de 161 instituições financeiras de 30 países, dos quais quatro portugueses (Caixa Geral de Depósitos, Millennium/BCP, Santander e Novo Banco). Segundo a EBA, os lucros dos bancos europeus cresceram 9% em 2024, resultando na rentabilidade dos capitais próprios (ROE) de 10,5%.
Aquele supervisor faz uma série de alertas no sentido de as instituições financeiras estarem preparadas para a crescente instabilidade geopolítica. “Os riscos geopolíticos têm impacto em vários aspetos das operações dos bancos. É importante incorporar estas incertezas nos processos empresariais e nas avaliações de risco. Com as profundas incertezas geopolíticas que estão em curso, incluindo as que resultam da ameaça de imposições tarifárias, os bancos devem recorrer à análise de cenários e a um crescente planeamento”, pode ler-se naquele documento.
A EBA considera que “manter a resiliência operacional num ambiente geopolítico e tecnológico incerto e em rápida mutação é um desafio fundamental”.
Ainda ao nível das incertezas geopolíticas, aquele organismo reconhece que “os bancos podem também ser chamados a contribuir para o aumento das necessidades de financiamento da defesa na Europa, financiando infraestruturas, I&D e inovação relacionadas com as indústrias de defesa, bem como concedendo empréstimos diretos às empresas que atuam naquele setor”.
Desta forma, os acontecimentos geopolíticos podem afetar o risco de crédito dos bancos através de exposições diretas, ou indiretamente através dos efeitos que possam ter nos mutuários.
Segundo a EBA , ”até à data, os bancos europeus conseguiram manter os seus níveis de rentabilidade muito acima dos da última década, apesar da pressão crescente exercida pela descida das taxas e da crescente incerteza macroeconómica”, por isso, os bancos devem assegurar a manutenção de uma combinação de receitas sustentável, gerindo simultaneamente de forma eficaz as despesas operacionais e as provisões para imparidades, tendo em conta a potencial necessidade de provisões adicionais em resultado do aumento dos riscos geopolíticos”.
É preciso também moderação na política de dividendos, especialmente se contribuírem para uma importante redução das reservas de capital num contexto de riscos geopolíticos e económicos.
Outro ponto importante que é realçado pela EBA tem a ver com os ativos digitais. “Até à data a exposição dos bancos europeus aos ativos digitais tem sido reduzida. Mas existe uma crescente apetência para negociar com aqueles ativos, o que implicar riscos operacionais e de mercado”, refere aquele documento, acrescentando que “é fundamental que os bancos sigam uma abordagem particularmente prudente quando negoceiam em criptomoedas, adotando uma gestão uma gestão de risco robusta”.