
A ‘novela’ que se transformou o ano 2025 do campeão do mundo MotoGP promete ser longa e fazer correr muita tinta. Contratado pela Aprilia para assumir o lugar do amigo Aleix Espargaró depois da Ducati ter escolhido Marc Márquez para a sua equipa oficial, o ‘ferido’ Jorge Martin juntou-se à equipa de Noale e depois do teste em Barcelona no final da época parecia ter encontrado uma ‘casa’ à sua medida. Martin sorria, Rivola sorria…era tudo sorrisos…que em Fevereiro depois de uma queda aparatosa logo no primeiro dia de testes do novo ano em Sepang desapareceram de forma inesperada.
Jorge Martin sofria uma queda grave, ficava de fora no arranque da época…mas era apenas o começo, os primeiros episódios de uma história cada vez mais confusa e que parece não ter para já fim à vista. Regressado apenas no Qatar, depois de alguns rumores que deixavam no ar algum mau estar entre o espanhol e os italianos, Martin sofreu novamente uma queda na corrida que o voltou a colocar no bloco operatório e com muitas semanas de recuperação pela frente. Martin parecia não ter a sorte do seu lado, mas ao mesmo tempo deixava de se mostrar junto da equipa fosse nos GP’s ou em eventos oficiais da marca, o que reforçava a suspeita de que algo não estava bem.
E de repente…Martin lança uma bomba para o mundo ao anunciar que pretendia deixar a Aprilia no final de 2025 ao abrigo de uma clausula no seu contrato que face aos resultados nas primeiras corridas do ano lhe dava essa oportunidade. Uma decisão que apanhou o mundo desprevenido pois Martin pouco rodou com a moto, nunca testou e nem sequer competiu estando na sua melhor forma fisica, uma decisão que chegava quase ao mesmo tempo que no paddock se começava a falar que a Honda lhe tinha oferecido um lugar na equipa oficial em troca de um salário de 50 milhões por dois anos.
Mas em Assen tudo se precipitou quando Albert Valera, o seu manager, afirmou à imprensa que Martin era um piloto livre para 2026 e que sim, a Honda estava na corrida para o contratar, intenção confirmada por Alberto Puig. Massimo Rivola reagiu e deixou claro que Martin não estava livre e que continua a ser piloto da Aprilia, ganhando ainda mais ‘moral’ quando Carmelo Ezpeleta veio colocar mais ‘lenha na fogueira’ e afirmou que nenhum piloto poderia competir em 2026 sem estar mesmo livre de contrato.
Aleix Espargaró veio a público defender o amigo, Bezzecchi ‘desviou-se do assunto’ ao afirmar que não é um problema dele…e de repente tudo fica mais negro ainda para Jorge Martin, que já anteriormente tinha feito um ‘golpe de rins’ semelhante à KTM quando assinou com a Pramac depois de se comprometer com os austríacos. E depois de Assen apontava-se o regresso do espanhol para a Alemanha, mas poucas horas depois o regresso era de novo adiado e claramente ambas as partes, Martin e Aprilia estavam em definitivo em rota de divórcio.
Martin regressou aos comandos da sua Aprilia RSV4 em Barcelona na passada semana, e pretendia fazer um teste com a RS-GP antes de regressar ao paddock, algo que parecia ser possível não fosse a própria Aprilia travar essa intenção face à separação iminente…e veremos se o deixam sequer ‘tocar na moto’ até ao final do ano.
Mas no meio disto tudo…quem tramou Jorge Martin? Parece mais que evidente que foi ele próprio, com a ajuda de Valera que o apoia em todo este processo e onde a comissão dos 50 milhões parece ser igualmente um objectivo bem claro. As declarações públicas e controversas em nada ajudaram a uma questão que exigia confidencialidade e com a barra do tribunal a ser um destino muito provável para este ‘dossier’ Martin arrisca-se a não competir em 2025 e pode muito bem ficar sentado em 2026 se a Aprilia vencer este braço de ferro pois neste momento Jorge Martin não tem de todo condições para estar na boxe de Massimo Rivola, algo que parece bem claro para todos.
A Dorna claramente assumiu uma posição de defesa da Aprilia e isso deixa Martin numa posição ainda mais desfavorável pois parece ter apenas em Aleix Espargaró um defensor, o mesmo que o levou para a Aprilia e agora parece querer que este assine com a Honda, mesmo se publicamente diz que não. Enquanto isso o mercado parece estar parado, pois claramente todos esperam por decisões quanto ao ‘Martingate’ para que o xadrêz comece de novo a encaixar-se.