Quando no próximo domingo o relógio marcar as 18 horas, Luís Freire irá viver (nem que seja por breves segundos) uma sensação… diferente: pela frente terá um adversário especial, o Rio Ave, seu anterior clube.

Afinal, ainda há menos de seis meses Vila do Conde era a casa do treinador. Depois de três épocas e quase meia ao serviço dos rioavistas, cujo trabalho de excelência ficou marcado por uma subida à Liga coroada com o título de campeão nacional da Liga 2 (2021/2022) – sucesso que, de resto, surgiu na sequência de um trajeto que tem vindo a ser de enormes alegrias para Luís Freire, depois do selo de qualidade que colocou nos projetos que desenvolveu no Ericeirense, no Pêro Pinheiro, no Mafra, no Estoril e no Nacional –, o técnico deixou os vila-condenses a 5 de novembro de 2024, mas esteve pouco tempo afastado dos relvados: a 15 de janeiro deste ano entrava no Vitória.

Chegou a Guimarães com a equipa no 6.º lugar (25 pontos), mas começou a somar e os conquistadores estão agora um posto acima (48 pontos). As vistas europeias são cada vez mais alargadas – o 5.º classificado tem acesso à 2.ª pré-eliminatória da UEFA Conference League – e a crença do indefetível universo vimaranense é inabalável.

Mas as previsões otimistas também surgem de outros prismas, nomeadamente de quem com Freire trabalhou: Ukra. O antigo extremo, que já terminou a carreira, não esconde o apreço por um técnico que tanto o marcou e projeta-lhe ainda mais felicidade.

«Sempre lhe disse que iria ter sucesso onde estivesse e não me enganei. Os resultados falam por si. Acredito que o mister Freire vai levar o Vitória à Europa. Além da qualidade do plantel, saliento a excelência do trabalho da equipa técnica que lidera. O Santa Clara está perto na classificação, mas o Vitória só depende de si para voltar a qualificar-se para as competições europeias e penso que vai acabar por conseguir esse objetivo», começou por dizer a A BOLA.

Ukra trabalhou três anos com Luís Freire no Rio Ave e além do reconhecimento das qualidades profissionais acrescenta também a vertente humana. Que redundou numa ligação profunda: «Marcou-me muito enquanto treinador e fizemos uma relação de amizade que perdurará para toda a vida. É um caso especial e que deve servir de exemplo para todos os jovens treinadores que estejam em início de carreira. Veio do nada, subiu a pulso e conquistou muita coisa. É um apaixonado pelo futebol e tem uma dedicação incrível. Passa horas fechado no gabinete a analisar e a estudar.»

A felicidade por ter sido o último

Mesmo com muitas experiências em Portugal e no estrangeiro, títulos conquistados e uma internacionalização pela Seleção Nacional, Ukra não tem qualquer problema em apontar Luís Freire como sendo «especial».

«Fico muito feliz por ter sido o meu último treinador. Mesmo numa fase em que eu já não jogava tanto, ele sabia que podia contar sempre comigo para tudo. Tivemos imensas conversas durante estes três anos e sempre com o objetivo de encontrarmos soluções para os problemas que existiam. O mister Freire sempre me ouviu e sempre me aconselhou. Fomentámos uma relação baseada no respeito e, depois, na amizade. Marcou-me profundamente», assume, sem esconder a emoção.

E os vastos elogios que Ukra reserva a Freire têm razão de ser: «Foi o treinador que melhor me preparou para cada jogo. Eu sabia tudo o que tinha de fazer. Se ele me metesse a jogar como médio-defensivo, por exemplo, tinha todas as ferramentas necessárias para aquela estratégia. Passámos três anos complicados no Rio Ave, primeiro na Liga 2, em que conseguidos a subida e o título, e depois com a proibição de inscrevermos jogadores, mas o mister Freire foi um grande capitão e levou o barco a bom porto. Claro que tivemos sempre grandes grupos, mas grande parte do mérito foi dele e da sua equipa técnica.»

E se as primeiras impressões em Guimarães são positivas, o futuro tem tudo para ser ainda mais risonho. Ukra explica porquê.

«Além de ser um motivador nato, é um treinador que privilegia sempre um futebol positivo. Gosta que as suas equipas tenham bola e que construam a partir de trás para poderem mandar no jogo e passarem muito tempo em processo ofensivo. O Vitória fez uma escolha acertadíssima com a sua contratação», concluiu.

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