
Talvez não seja quem mais queria esta taça, encarada como uma mera gota num oceano de conquistas passadas, mas eis que os ingleses, favoritos desde o início da competição, cumpriram as expectativas de forma exemplar. O Chelsea é o grande vencedor da Europa Conference League e é agora o primeiro clube a ostentar um set completo dos troféus UEFA!
Chegou a parecer durante muito tempo que o Real Betis, carregado por uma belíssima primeira parte de Isco, venceria o seu primeiro título europeu. Não foi isso que aconteceu. Boas mexidas de Maresca levaram os ingleses no bom caminho e a 1-0 acabou por ser, no fim, um seguríssimo 1-4!
A reviravolta fecha também um dos mais brilhantes capítulos da história do futebol espanhol, que não via nenhuma equipa desse país a perder uma final frente a um clube de outra nação desde o distante ano de 2021. Foram, até aqui, 23 triunfos consecutivos em finais europeias.
A morder o Isco
Por mais que favoritismos tenham sido atribuídos bem antes do dia desta final, a verdade é que, à hora do pontapé de saída, as previsões estavam mais distribuídas pelas duas equipas em campo, que tão bem encaixaram nos minutos iniciais. Duas espinhas declaradas abertamente em 4-2-3-1 e com foco total na peça central do ataque.

Falamos do 10 - não na camisola - de cada equipa, cuja diferença foi, também, aquilo que as separou. Cole Palmer é evidentemente a estrela do ataque blue, esse estatuto é demonstrado pela forma como os colegas o procuram, mas o inglês, na primeira parte, submeteu-se às leis de Isco...
Sim, Isco! Era suposto estarmos bem para lá dos tempos áureos do ex-Real Madrid, mas ei-lo, aos 33 anos, a espalhar magia numa final europeia.
Se o Betis entrou no jogo com vertigem e velocidade, foi por confiar na capacidade de lançamento do seu criativo. Se chegou à vantagem logo ao nono minuto, com uma boa finalização de Abde Ezzalzouli, foi devido ao passe perfeito do 22. Se continuou por cima no resto da primeira parte, em vez de baixar linhas em subserviência a um adversário de topo, foi porque Isco se elevou bem acima de qualquer outro futebolista no relvado durante a primeira parte!
Foi para o bem do jogo - e para que esta crónica não se resumisse a uma ode a Francisco Alarcón - que a segunda parte trouxe um novo rumo...
Palmer ligou e o Chelsea embalou
A equipa de Maresca saiu do balneário renovada. A entrada de Reece James para o lugar de Malo Gusto (muito mal na primeira parte...) foi a única alteração, mas foi amplamente sentida e os blues começaram a controlar a música em Wroclaw. E Pedro Neto não esteve mal no jogo, mas foi só depois da saída do português que as coisas começaram a correr verdadeiramente bem para os ingleses.

Corria o minuto 65 quando Cole Palmer armou o passe perfeito para o golo do empate, marcado por Enzo Fernández. O ex-Benfica, que várias vezes tinha procurado as desmarcações ofensivas, só teve de responder afirmativamente à bola do inglês que, cinco minutos depois, deixou Jesús Rodríguez pregado ao chão e assistiu Nicolas Jackson para o tento da reviravolta. 1-2, para o desespero andaluz!
Jackson podia ter vingado todos os erros da temporada com um bis, mas um toque demasiado pesado levou uma vez mais os adeptos à frustração. E quando tanto se esperava de Antony nesta final, acabou por ser Jadon Sancho, o outro extremo emprestado pelo Manchester United, a colocar-se na história do jogo.
O inglês deu o conforto ao Chelsea com o 1-3, aos 83 minutos, mas esse acabou por nem ser o golpe final na baliza da equipa comandada por Manuel Pellegrini... Aos 90+1, Moisés Caicedo armou, de fora da área, o remate que entrou junto à malha lateral e deixou adeptos espanhóis e ingleses em lágrimas por diferentes motivos.
Depois de Roma, West Ham e Olympiacos, a Conference League é agora do Chelsea!