
"Para mim, isto não é pessoal. Vejo como uma estratégia consciente do nosso rival, que tem os seus motivos. É um discurso virado para dentro, com uma intenção clara, sobretudo tendo em conta o calendário eleitoral que se aproxima", afirmou Varandas, em conferência de imprensa no final da XV Cimeira de Presidentes da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP).
O dirigente leonino, que durante a reunião esteve sentado a apenas uma cadeira de distância do homólogo do Benfica, Rui Costa, explicou que só notou a polémica após o jogo e que, revendo o lance mais criticado pelos 'encarnados', não encontrou qualquer indício de agressão de Matheus Reis ao jogado do Benfica Belotti.
"Durante o jogo, não me apercebi de nada. Só mais tarde percebi o alarido em torno do lance. Vi-o em velocidade corrida e não consigo ver ali qualquer intenção de agressão. Não me parece um gesto voluntário ou malicioso", disse.
Varandas garantiu ter questionado Matheus Reis sobre o lance, tendo o jogador assegurado que não agiu com intenção, numa resposta em que o líder dos 'leões' disse confiar.
"Perguntei-lhe diretamente se houve intenção e ele disse-me que não. Confio no meu jogador. Acredito nele quando me diz que não quis agredir ninguém. É um lance infeliz, mas claramente sem qualquer intenção de magoar o adversário", referiu.
O presidente do Sporting criticou ainda o recurso ao congelamento de imagens para avaliar agressões, lembrando que qualquer lance pode parecer violento fora do seu contexto.
"Analisar lances assim é desonesto. O futebol deve ser avaliado em tempo real, com contexto, não congelando imagens ao milímetro", observou.
Sobre uma alegada queixa no Ministério Público relativa ao lance entre Matheus Reis e o jogador do Benfica Belotti, Frederico Varandas desvalorizou.
"É a cereja no topo do bolo. Quem apresentou a queixa foi César Boaventura, um agente que foi condenado por corromper adversários do Benfica. Isto diz tudo. Não podiam ter escolhido melhor personagem para terminar esta encenação montada", ironizou.
Em relação aos festejos de alguns jogadores do Sporting após a vitória, Varandas desvalorizou as críticas e atribuiu os comportamentos à juventude dos atletas e à emoção do momento.
"São miúdos. Festejam como miúdos, com a adrenalina a mil. Não vejo maldade nisso. Faz parte da emoção do futebol. Eu não valorizo esses momentos. Valorizo, sim, a atitude no jogo e a palavra que o jogador me deu depois do apito final", afirmou.
Questionado sobre se espera uma punição desportiva ou civil, o líder dos 'leões' respondeu que confia nas estruturas do futebol português e sublinhou o apoio dado pela maioria dos clubes à atual direção da Federação, que considera independente e competente.
"O Sporting apoiou pessoas que considero sérias, incorruptíveis. Mas não fomos os únicos. O Benfica e o FC Porto também apoiaram esta direção da Federação. Por isso, acredito nos órgãos e na sua capacidade de julgar com isenção e equilíbrio", disse.
Varandas apontou ainda que os tempos mudaram e que "o futebol nacional já não tem donos", afirmando que, durante décadas, os erros de arbitragem favoreciam alegadamente os mesmos clubes.
"Nos últimos 40 anos, o futebol português teve dois donos: FC Porto e Benfica. Hoje, pela primeira vez, há independência. E isso incomoda. Porque os erros agora são mais distribuídos e isso quebra o conforto que existia no sistema antigo. O Sporting luta para que não haja donos no futebol português e quer vencer dentro de campo", concluiu.
JPYG // AJO
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