
O '4 Cantos do Mundo' é um podcast do jornalista Diogo Matos ao qual o zerozero se uniu. O conceito é relativamente simples: entrevistas a jogadores/ex-jogadores portugueses que tenham passado por pelo menos quatro países no estrangeiro. Mais do que o lado desportivo, queremos conhecer também a vertente social/cultural destas experiências. Assim, para além de poder contar com uma entrevista nova nos canais do podcast nos dias 10 e 26 de cada mês, pode também ler excertos das conversas no nosso portal.
Ainda que, em termos práticos, João Amaral tenha jogado no Vitória FC em 2017/18 e no Lech Poznan em 2018/19, a verdade é que o verão do médio-ofensivo foi bem mais atribulado do que uma suposta mudança do emblema sadino para o conjunto polaco faz prever. O jogador, agora com 33 anos, foi contratado pelo Benfica à equipa do Sado, esteve na Luz durante cerca de um mês e só depois rumou ao estrangeiro pela primeira vez na sua carreira.
Esta passagem relâmpago pelos encarnados foi tema de conversa no mais recente episódio do '4 Cantos do Mundo'.
«Na altura fiquei triste e sentido, ainda para mais tendo dado tudo de mim. Apesar da situação, a passagem pelo Benfica catapultou-me e deu-me outro tipo de estatuto no currículo, mesmo que não tenha jogado. Para todos os efeitos, o Lech Poznan contratou um jogador do Benfica. Fiz os meus dois primeiros anos como profissional no Vitória FC e acabei contratado pelo Benfica, portanto acredito que tenham pensado 'Alguma coisa aquele jogador tem de ter'», começou por dizer, indo mais longe:
«Vejo isso como uma oportunidade, principalmente tendo em conta os jogadores com quem treinei. Estava lá o mister Rui Vitória e esse mês mostrou-me realmente o que era ser profissional num grande clube. Não faltava nada, tínhamos tudo à nossa disposição. Para comparar, no Benfica almoçava e podia levar comida para casa; no Vitória FC, onde as coisas não estavam fáceis, nem almoçávamos depois do treino.»
Apesar de tudo, João Amaral olha para esta experiência como algo positivo. «Quando recebi a notícia de que não iria continuar no Benfica- numa primeira fase até me falaram da possibilidade de ser emprestado- só pude agradecer. Se eu for a dizer os jogadores com quem treinei... Aliás, com muitos nem treinei porque estavam nas seleções. Se lá estavam, dá para perceber que jogadores eram. Nas alas havia o Salvio e o Cervi, eu cheguei como 10 e quem jogava nessa posição era o Jonas... Eram jogadores de patamares diferentes, de forma direta. Ainda assim, foi uma experiência enriquecedora e deu-me horizontes para outros sítios», rematou.