Sempre que fala deixa a sua marca. Jorge Jesus é assim e voltou a sê-lo numa entrevista que concedeu ao Canal 11. Comparando o futebol saudita ao português e explicando a contratação de Kaio César ao Vitória SC, JJ não ficou por aqui, falando de tudo sem qualquer problema.

Sobre si, Jorge Jesus admitiu que vê como complicados os regressos ao futebol brasileiro e português, embora o português seja um caso diferente e especial.

«Não sei. Eu tinha aquele sonho de ser o treinador com mais jogos. Faltam-me 20 ou 30 para passar o treinador com mais jogos em Portugal. Caso regressasse podia fazê-lo, mas vai ser difícil. Hoje atingir um patamar, da minha equipa técnica toda... é muito difícil. Hoje um jogador que vem para aqui já não vai para a Europa. Ninguém tem capacidade financeira», atirou o técnico que, admitiu, não voltaria a trocar de rivais.

«Nunca mais vou fazer a mesma coisa, mas o Sporting teve a questão sentimental do meu pai. Sportinguista, jogador do Sporting, perguntava-me muitas vezes nos últimos anos de vida porque não treinava o Sporting. Eu dizia: 'pai, porque não me convidam'. No dia em que me convidaram eu fiz-lhe isso. Se me arrependo? Em nada. É verdade que ele não viu, mas foi por ele», explicou.

Sobre o futebol português, JJ falou sobre mais temas, nomeadamente a época atípica dos três grandes. Elogiou Frederico Varandas e Rui Costa, que considera ser um «presidente diferente» e admite que, no FC Porto, «Sérgio Conceição fez milagres». O mesmo Sérgio Conceição com que lamenta ter tido um «episódio parvo».

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«Eu tinha uma relação quase familiar, mas tivemos um episódio parvo, um episódio que os treinadores têm. Foi após o jogo. Até hoje nunca falámos. Se tenho pena? Tenho. Hoje vejo as coisas de forma diferente. A vida não está para te chateares muito com situações destas. Em qualquer momento passamos para o outro lado. O Sérgio é um treinador com aquele stress, com vontade de ganhar, como eu era quando tinha a idade dele. Hoje não sou assim. Posso chatear-me com uma pessoa, mas para mim já não tem sentido. Ele está em Itália e não aconteceu encontrarmo-nos em equipas diferentes para nos cumprimentarmos. A vida é assim», atirou.

Por fim, Amorim. Questionado sobre a opção de trocar o Sporting pelo Manchester United, Jorge Jesus disse que «percebe perfeitamente» o seu antigo jogador e até dá um caso seu para explicar.

«Eu este ano tive o sonho da minha vida e não tive coragem porque sou muito bem tratado aqui.... ele teve. Qual era? Fica comigo... Seleção ou clube? Não quero falar, está nos segredos dos deuses. Ele teve coragem, era o sonho dele. Arriscado? Arriscado é. Quando queremos dar passos com mais sentido de responsabilidade... não é que o Sporting não seja um grande clube, mas foi para um clube que tem um estatuto completamente diferente. Tem outro pedigree. Foi para um clube, não digo o top, mas próximo disso», afirmou, deixando-lhe elogios.

«Gosto dele. Foi o jogador que mais tempo trabalhou comigo, deu-me cabo da cabeça várias vezes. Os jogadores são todos iguais quando não jogam. Não gostam. Às vezes aguentam-se e outras vezes não e fazem coisas que não devem. Hoje são treinadores, no caso do Ruben, ele sabe do que falo e diz 'epá, hoje não gostava que me fizessem isso», confessou.