Pum, está feito: Benfica na final. Era o que se esperava. Desde o sorteio e, sobretudo, desde o 5-0 da primeira mão. Sabiam os jogadores e sabiam os treinadores (o do Tirsense chama-se Emanuel Simões). Por muito que Bruno Lage tivesse frisado o respeito que tinha pelo adversário, o passaporte para o Jamor estava garantido. Se assim não fosse, Lage tinha posto mais carne no assador. Mas não pôs. Colocou apenas muita alface na saladeira, com António Silva e Florentino a serem os únicos habituais titulares na ficha de jogo.

O Tirsense entrou com um onze praticamente igual ao da primeira mão. O treinador da equipa do quarto escalão do futebol português (chama-se Emanuel Simões) optou por apenas duas trocas: Gonçalo Cardoso e Alex Reis por André Fontes e Júlio Alves. Sabia que a passagem à final era impossível (só o FC  Porto, na Supertaça de 1996, ganhara por cinco de diferença em casa do Benfica) e, assim, a ideia seria divertir-se e tentar incomodar os encarnados.

Não conseguiu. Teve apenas um remate enquadrado com a baliza de Samuel Soares, facilmente defendido pelo jovem guarda-redes. Porém, se não incomodou, teve bola para jogar, esticou-se pelo relvado e, até quase ao intervalo, foram poucas as vezes em que a baliza de Tiago Gonçalves esteve em verdadeiro risco.

Apenas em três, aliás. Leandro Barreiro (16’) desviou, de cabeça, rente ao poste, na sequência de pontapé de canto; mais tarde, Arthur Cabral (31’) tem bom remate sobre a direita, já na área e sem oposição, com o guarda-redes do Tirsense a desviar pela linha de fundo; por fim, foi a vez de Tiago Gouveia (42’) incomodar o homónimo Gonçalves.

O jogo encaminhava-se para o intervalo e o 0-0 mantinha-se, o que, claro, dava algum encanto à exibição do Tirsense. Porém, aos 45+3’, na sequência de um primeiro remate de Leandro Barreiro, António Silva desviou para o primeiro do jogo. Momento de satisfação para o treinador do Benfica e de desilusão para o do Tirsense (chama-se Emanuel Simões). Levar o 0-0 para o intervalo seria uma mini-prenda para o Tirsense.

Calculava-se que a segunda parte fosse muito mais complicada para o Tirsense, pois os seus jogadores não estão habituados a jogar num relvado tão grande e frente a uma das equipas mais poderosas de Portugal.

Mesmo assim, Tirsense, tal como o Benfica, reentrou com o mesmo onze. Talvez por isso, os encarnados começaram a encostar o adversário bem mais para junto da sua área, embora sem grandes lances de perigo.

Pouco depois da hora de jogo, os dois treinadores decidiram mexer, finalmente, no onze. O do Benfica fez entrar João Veloso, Prestianni e Amdouni para os lugares de Florentino, Bruma e Schjelderup e o do Tirsense (chama-se Emanuel Simões) trocou André Fontes por Alex Reis. Pouco depois, mais mexidas nos visitantes: Daniel Rodrigues, Bernardo Mesquita e Júlio Alves por Geovanny, Túlio e Diogo Gonçalves.

O Tirsense refrescava-se, mas logo de seguida, no espaço de três minutos (75’ e 78’), Bajrami e Belotti elevaram o marcador para 3-0. Fechava-se o resultado da Luz, pois a meia-final há duas semanas que estava fechada.

Faltava mais uma pequenina cereja no bolo encarnado e esta, tal como no primeiro tempo, apareceu na compensação. Canto de Prestianni, desvio de cabeça de António Silva e, por fim, Leandro Barreiro a marcar o nono da eliminatória: 5-0 mais 4-0.

O treinador do Benfica (chama-se Bruno Lage) vai ao Jamor e o do Tirsense (chama-se Emanuel Simões) regressa a casa com a satisfação de, durante 45 minutos, ter complicado um pouco a vida aos encarnados.