Segundo português, depois de Nuno Borges (43.º do ranking), que já tem garantida presença no quadro principal do 10.º Millennium Estoril Open, a decorrer no Clube de Ténis do Estoril, entre 26 de abril e 4 de maio, para esta edição Jaime Faria está dispensado do qualifying ao receber o primeiro wild-card da organização da prova que fechou no 83.º lugar do ranking. Há um ano era 411.º do mundo, agora encontra-se em 99.º, mas ficou de fora após o cut-off de ontem. Afinal já está dentro.

«Entrar directamente ajuda bastante, no ano passado tive de passar a fase de qualificação, que nos dá um ritmo de competição, mas provoca algum cansaço nas pernas. É melhor entrar directo», garante Jaime, que em 2024 ficou-se pelos dezasseis avos de final. Era então 262 do ATP.

«O torneio não vai ser da mesma categoria», relembra face à competição ser agora um Challenger 175 em vez do habitual ATP 250, estatuto que irá recuperar em 2026, «o que o torna mais acessível para o meu nível e que quer jogar, mas sinto-me bem, por isso tenho boas perspetivas», acrescenta apesar de estar a recuperar de uma lesão no pé esquerdo que o obrigou a desistir do Masters de Miami e ATP de Marraquexe.

«Já venci dois torneios challenger e estive numa final de outro. Confesso que nunca joguei um 175, este será o primeiro, mas espero dar-me bem e fazer um bom trabalho», reforça quem, em janeiro, deu nas vistas ao ganhar um set (1-6, 7-6 (7/4), 3-6 e 2-6) frente a Novak Djokovic na 2.ª ronda do Open da Austrália. Partida disputada na Rod Laver Arena e que o tornou no primeiro português a roubar um set ante o mítico sérvio.

«Estou melhor da lesão, quase a 100 por cento – diria como o Cristiano Ronaldo há muitos anos, 99,9% -, e o objetivo é disputar o Oeiras Open, mas deverá ser complicado. No entanto, Madrid [Masters 1000], é quase certo», revela sobre o torneio que começa uma semana antes do Estoril Open e do qual se ambiciona que venham várias estrelas, entretanto eliminadas.

«E jogando Madrid, jogo o Estoril. Por um lado não era mau perder este Estoril Open, significava que estava numa fase adiantada em Madrid e num torneio grande, mas gostava bastante de jogar esta edição do Estoril Open. É sempre especial para todos os tenistas jogarem em casa e este é o maior torneio que temos em Portugal», completa.

E quando o João Sousa venceu em 2018 no Estoril, estava na bancada? «Não, mas acompanhei o jogo, mas nesse mesmo torneio fui vê-lo em dois jogos. Um contra o Pedro Sousa, que é atualmente o meu treinador, e na primeira ronda frente ao Medvedev, se não me engano», revela.

«Jogar em Portugal é diferente. Nos estrangeiro, às vezes, já consegui levar família ou amigos a torneios, mas aqui é completamente distinto. Quero agradar aos adeptos, mas também à minha família e amigos, e conseguir jogar um bom ténis em frente a eles. É o mais gratificante. Ter toda essa gente em Portugal a ver-me, além da transmissão televisiva, ajuda a que todos possam acompanhar e faz com que seja importante jogar bem», concluiu o n.º 2 nacional e o único, a par de Borges, a integrar o top 100.

«Nem hesitei. O Jamie merece é e um tipo extraordinário»

Questionado sobre a atribuição do wild-card a Jaime Faria, João Zilhão, diretor do Estoril Open, contou que não está muito preocupado com o facto do português estar a vir de uma lesão. «Falei com a equipa dele, ele diz que vai estar bom para jogar, por isso não é motivo de preocupação. Se não estiver bom, devolve-me o wild-card e dou a outro. Não vai entrar lesionado, mas pelo seu ranking e tudo o que fez é mais do que merecido. Nem hesitei um milissegundo. Só não entrou diretamente porque o quadro está fortíssimo, fechou a 83.º do mundo, mas o Jaime merece este wild-card. Acho que não haverá muitos jogadores a subirem 400 lugares no ano passado e é, claramente, o segundo melhor português da atualidade e um tipo extraordinário.»