
O presidente da Federação Portuguesa de Natação (FPN), Miguel Arrobas, admitiu esta quarta-feira que a interrupção do programa de nadadores-residentes em Rio Maior surgiu devido a uma racionalização estratégica dos recursos do organismo.
Na terça-feira, a FPN anunciou que, "na relação com o CAR da Natação de Rio Maior, decidiu não dar continuidade, para já e apenas, ao projeto de formação da natação, com nadadores-residentes", com Miguel Arrobas a afirmar que "a decisão não se resumiu a uma questão financeira, mas sim a uma racionalização estratégica dos recursos da FPN".
"A gestão eficiente dos meios disponíveis é uma prioridade, mas o critério principal foi assegurar que os investimentos estão alinhados com centros que apresentem estabilidade, atratividade e perspetivas claras de crescimento desportivo. O objetivo é garantir que os atletas tenham acesso às melhores condições possíveis para a sua progressão no alto rendimento. E, para isso, é necessária uma reflexão a vários níveis, desde logo com os vários parceiros institucionais", assumiu.
Em respostas enviadas por escrito à agência Lusa, Arrobas, que está em Singapura a acompanhar os Mundiais de desportos aquáticos, disse que foi feita uma "análise objetiva da evolução do projeto", lembrando que, na última época, "apenas nove nadadores integravam este centro, dos quais cinco abandonaram antes do final".
"A federação optou por concentrar o investimento no Jamor e Coimbra, onde as condições técnicas e logísticas são mais robustas e com forte apoio institucional. O número de nadadores no Jamor irá duplicar já na próxima época, passando de cinco para 10 atletas, assim como aumentar significativamente em Coimbra. Ou seja, mesmo com a suspensão de Rio Maior, o número total de nadadores integrados em centros da FPN aumenta significativamente, o que representa uma aposta clara no reforço da estrutura de alto rendimento nacional", assumiu.
O líder federativo garantiu que a FPN "está a acompanhar individualmente cada nadador que integrava o programa de residentes em Rio Maior, que tenha condições de integração no CAR Jamor e CAR de Coimbra, em articulação com os treinadores e respetivas famílias, para garantir a continuidade dos seus percursos desportivos de forma estável e sustentada", estando já assegurada a integração de alguns desses nadadores.
"A reativação do programa de residentes em Rio Maior continua a ser uma possibilidade no futuro, desde que estejam reunidas condições claras e sustentáveis. Esta suspensão não representa um encerramento definitivo, mas sim uma pausa estratégica, enquanto não for possível garantir as condições mínimas necessárias à sua viabilidade e eficácia", referiu.
Miguel Arrobas diz que, "para que o programa possa ser retomado, será fundamental que exista uma equiparação dos apoios institucionais ao nível do que é atualmente atribuído ao CAR Jamor pelo IPDJ [Instituto Português do Desporto e Juventude]", pois "só com um modelo de financiamento justo e equilibrado entre os diferentes Centros de Alto Rendimento será possível garantir condições homogéneas de trabalho, alojamento e acompanhamento aos atletas de alto rendimento".
O responsável pede ainda "um enquadramento técnico estável, qualificado e com visão de desenvolvimento a longo prazo", algo que, do seu ponto de vista, "se foi perdendo ao longo dos últimos anos", condições logísticas e sociais adequadas, e "um compromisso mais forte da tutela e das entidades locais, que permita tornar o polo verdadeiramente atrativo e competitivo face aos restantes centros nacionais".
Apesar do fim deste programa, a FPN mantém uma relação "muito positiva" com a Desmor, entidade que gere o centro desportivo de Rio Maior, como comprova a organização dos Europeus sub-18 de polo aquático, garantindo que o equipamento instalado naquele concelho se mantém "como uma infraestrutura de referência no plano da FPN".
"Além dos grandes eventos, Rio Maior continuará a desempenhar um papel importante na preparação das seleções nacionais, especialmente ao nível dos estágios centralizados que temos vindo a realizar nas diferentes disciplinas da natação e pretendemos intensificar. As condições de alojamento, alimentação e treino integradas num só local tornam Rio Maior um espaço privilegiado para reunir atletas e equipas técnicas em ambiente de concentração total", lembrou.