
"Não tenho, por feitio e por forma de ser e de estar, grande apetência para comentar coisas que não têm comentários possíveis", respondeu, depois de ser questionado sobre as declarações do outro candidato à presidência do COP.
Em entrevista à agência Lusa, Laurentino Dias questionou o amor "de última hora" de Fernando Gomes pelo olimpismo, lembrando que o seu adversário nunca participou das grandes decisões do COP durante os mais de 12 anos de presidência na FPF.
"Esse comentário, sinceramente, não merece qualquer referência, porque mais do que as palavras, mais do que aquilo que as pessoas transmitem, são as realidades e as vivências e as experiências que as pessoas podem constatar ao longo deste tempo em que nós estivemos muito próximos do COP", reiterou.
No Pavilhão da Ajuda, em Lisboa, o portuense de 73 anos recordou ter sido um apoiante de José Manuel Constantino, envolvendo-se pessoalmente na campanha para o primeiro mandato e cedendo mesmo "alguns recursos" da FPF "no sentido de trabalhar a campanha" do homem que presidiu ao organismo olímpico entre março de 2013 e agosto passado.
"Não foi um processo fácil, mas nós, desde a primeira hora, apoiámos de uma forma significativa esse movimento tendente a que ele fosse eleito", vincou, mencionando também Hermínio Loureiro, que foi vice-presidente de Constantino no seu primeiro mandato.
Além de Loureiro, a FPF prolongou o seu envolvimento com o COP com a indicação de Mónica Jorge para a presidência da Comissão Mulheres e Desporto, do atual secretário de Estado do Desporto, Pedro Dias, para a Comissão Executiva no último mandato do anterior presidente e, mais recentemente, de Pedro Pauleta como adido olímpico da Missão portuguesa a Paris2024, enumerou.
"Sempre tivemos uma grande proximidade, independentemente da relação de amizade profunda com o professor Constantino, com quem discutíamos e falávamos muitas vezes sobre o desporto em geral, mas colaborando ativamente em muitas das áreas que ele nos pedia colaboração para ajudarmos", pontuou.
Fernando Gomes evocou ainda a colaboração com as restantes federações de modalidades de pavilhão, durante a covid-19, a parceria com o atletismo e o râguebi para a reabilitação do Estádio Nacional, ou "a envolvência" com o Comité Paralímpico de Portugal, através de estágios das missões na Cidade do Futebol.
"Isso foi sempre a nossa forma de estar, de interligar e de ver de que forma é que nós poderíamos interligar e apoiar as outras modalidades", defendeu.
O candidato também não esqueceu "a dificuldade que foi levar uma seleção olímpica de futebol" ao Rio2016, uma vez que "não há obrigatoriedade de os clubes libertarem os jogadores", recordando o trabalho que a FPF fez nesse sentido.
O candidato à sucessão de Artur Lopes acredita que a sua experiência na presidência da FPF pode pesar a seu favor nas eleições de 19 de março. "Se [as pessoas] forem imparciais e equidistantes na sua análise, só pode ser um fator extremamente positivo relativamente àquilo que nós fizemos", sustentou.
Fernando Gomes rejeitou ainda a premissa de que a sua eleição possa significar a 'futebolização' do COP, afastando ainda a "ideia errada" de que a FPF era uma entidade fechada.
"Sempre foi uma instituição muito aberta, sem deixar, obviamente, dentro daquilo que está a referir, numa perspetiva de ser mais profissional do ponto de vista daquilo que são as suas funções. Dentro disso não parece que o termo seja minimamente ajustado, não há futebolização nenhuma. Há, acima de tudo, capacidade de gestão", defendeu.
*** Por Ana Marques Gonçalves (texto), Jorge Coutinho (vídeo) e André Kosters (fotos), da agência Lusa ***
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