— Ainda se recorda da chegada ao Benfica na temporada 2007/08?  

— É difícil quando se tem de sair do país. Eu disse-o muitas vezes no dia em que decidi vir para o Benfica, disse à minha família que ou vinham todos, ou eu não vinha. E a minha família aceitou vir e assumir essa responsabilidade, sabendo que iriam depender de mim, do que eu fosse capaz de fazer. Mas enfim, esse é um dos momentos mais bonitos da minha carreira, porque a partir do dia em que cheguei, assinei contrato com este clube e a minha vida mudou para sempre. 

— O golo que faz pelo Benfica, com Diego Armando Maradona nas bancadas da Luz, foi outro momento muito marcante. Que recordações tem?

— Incrível! Acho que passei muitos momentos históricos aqui, muitos momentos lindos. Que o Diego [Armando Maradona] tenha vindo ao Estádio da Luz para me ver… 

— Diego Armando Maradona lado a lado com Eusébio...

— Então, para mim, foi um momento único. Eu estava com muita vontade de jogar, de poder mostrar o meu valor. O Mundial de 2010 estava à porta e eu tinha a esperança de poder participar. E isso dependia muito daquele jogo. Também consegui marcar um belo golo. Ele saiu de lá contente. Graças ao Benfica, graças àquele golo naquele momento, tive a possibilidade de ir ao meu primeiro Mundial. 

— Como é a relação com Nico Otamendi

— Com o Nico e a sua família. Somos muito unidos. Conhecemo-nos há muito tempo da seleção argentina, de viagens, de Mundiais, de Copas América. Mas poder conviver com ele no mesmo clube é muito diferente de quando se está na seleção, não é? A verdade é que fiquei com uma impressão muito mais bonita da que já tinha dele e da sua família. Passei dois anos maravilhosos com eles, a partilhar churrascos, jantares, aniversários, momentos inesquecíveis, a levantar uma taça. Acho que foram dois anos incríveis com ele, com a sua família e a vestir esta camisola, o que é obviamente um privilégio. 

— É um dos jogadores com mais títulos no futebol mundial – tem 36. Olhando para este registo, onde é que pensa que está na história do futebol? 

— Essa pergunta é mais para os outros do que para mim. É muito difícil responder. O que posso dizer é que, assim como naquele vídeo, cheguei como uma criança e hoje vou embora como um adulto, e tudo o que aconteceu durante a minha carreira foi vivido da mesma forma que quando tinha 18 anos, agora que tenho 37. Cada título foi uma alegria imensa, seja o Mundial, seja qualquer outro título. Desde que comecei a jogar, a única coisa que queria era desfrutar no campo. Só me interessa desfrutar, divertir-me, sorrir, ser feliz e tudo o que veio foi graças a essa alegria que tento dar às pessoas e a mim mesmo dentro de um campo de futebol. Então, os títulos e onde estou hoje, se estou no topo, no fundo ou no meio, depende do que as pessoas queiram dizer. Para mim, o importante é a minha família, o que fiz durante a minha carreira, o que desfrutei na minha carreira e o resto é tudo o resto.