
— Jogou com grandes jogadores. Jogou com Messi na seleção da Argentina, jogou com Cristiano Ronaldo no Real Madrid. Qual foi o melhor jogador que viu jogar nestes anos todos?
— É muito difícil escolher um. Acho que tive a oportunidade de jogar com uma geração de jogadores incríveis, porque joguei com o Leo [Messi], joguei com o Cris [Cristiano Ronaldo], joguei com o Ibra [Ibrahimović], joguei com o Rooney, com o Van Persie, com o Mbappé, com o Neymar… Acho muito difícil escolher um. São todos monstros, todos jogadores de topo no ranking dos melhores, uns durante mais anos, outros menos, mas tive a oportunidade de jogar com quase todos ou com todos, se assim se pode dizer, por isso é difícil escolher um. Tenho esse privilégio e tive a sorte de poder jogar com grandes jogadores, com goleadores, com jogadores do último passe, com jogadores com um talento incrível. E é isso que levo comigo, essa possibilidade e essa sorte de ter podido jogar com tantos craques.
— Qual foi o defesa mais difícil que encontrou pela frente?
— Um defesa? Normalmente, passo sempre por todos [risos], mas acho que... Não joguei contra ele. Apenas nos treinos. Acho que o Cuti Romero, que está no Tottenham, é um dos jogadores ou defesas mais difíceis de passar em todos os sentidos, pela velocidade, pela força. Então, acho que ele é o jogador.
— E qual foi o treinador que mais o marcou?
— Acontece que na minha carreira sempre tive momentos bons em que depois baixava de forma, e tive sempre a sorte de ter um treinador que me ajudava a voltar a subir. São vários. Tenho medo de esquecer algum, mas se tenho de começar por um, é por Don Ángel Tulio Zof, o treinador que me proporcionou a estreia na Primeira Divisão, que me viu a jogar na Liga Rosarina pelo Rosario. Foi ele que me descobriu e fez-me passar do meu escalão diretamente para a Primeira Divisão. Treinei quatro dias e joguei no fim de semana. Portanto, para mim, Don Ángel é a pessoa que me deu a oportunidade e, graças a ele, hoje sou quem sou.
— Fernando Santos, Camacho, Quique Flores, Jorge Jesus, Roger Schmidt e agora Bruno Lage. Como é que descreve os treinadores que teve no Benfica?
— Cada um tinha as suas qualidades. Em primeiro lugar, estou grato ao Fernando Santos porque foi ele que me trouxe para o Benfica, que me viu no Rosario Central, no Mundial Sub-20 com a Argentina e que me trouxe para cá. Por isso, estar-lhe-ei sempre grato. Depois, tive o Camacho e o Quique, que me utilizaram menos, que me fizeram jogar muito menos porque trouxeram os seus próprios jogadores. Camacho trouxe "Cebolla" Rodríguez e Quique trouxe Reyes. Então, foi um pouco mais difícil jogar, mas tudo bem. Acho que isso também foi muito bom para mim, porque cresci aos poucos, com os treinos, com os jogadores, com a experiência. Foi bom para mim. E depois chegou Jorge Jesus, que me deu a oportunidade de jogar, que me colocou como titular indiscutível, que me deu a confiança de que eu precisava e, graças a ele, dei o salto e pude ir para o Real Madrid. Acho que ele foi um treinador que tirou o melhor de mim e fez com que eu pudesse explodir naquele ano. Depois, quando voltei, tive o [Roger] Schmidt e agora o Bruno Lage. Eles são completamente diferentes. O [Bruno] Lage é muito mais agressivo a falar com o jogador para extrair aquela energia. O Schmidt era muito mais calmo. Tentava tirar o melhor de cada um em cada momento, muito mais calmo. Mas são dois grandes treinadores. Infelizmente, com os dois não foi possível ganhar muitos títulos, mas o futebol também é assim. Mas acho que o clube acaba sempre por escolher boas opções.
— Jogou no Benfica, no Real Madrid, no Manchester United, na Juventus, no Paris Saint-Germain. Onde é que vimos o melhor Di María?
— Acho que o meu terceiro ano aqui foi um grande ano. Depois, também o meu quarto ano no Real Madrid, em que ganhámos a Champions. Foi um ano espetacular, inesquecível em todos os sentidos, por tudo o que fiz numa posição em que não estava habituada a jogar, que era no meio. E acho que depois os meus melhores anos foram no Paris Saint-Germain. Esses sete anos que passei em Paris foram anos inesquecíveis, com títulos quase todos os anos, dando o meu melhor em todos os jogos, estabelecendo recordes históricos, de assistências, de golos. Então acho que esses anos foram dos melhores.
— Se tiver de escolher aqui o melhor jogo da carreira, qual é?
— A final contra a França no Mundial. Acho que os 75 minutos que joguei, foram 75 minutos incríveis, em que nem eu mesmo acreditei, por momentos, nas coisas que fiz, na forma como me senti dentro do campo. Acho que foi o melhor jogo que fiz na minha carreira.
— E no Benfica, nos cinco anos, qual é aquele jogo que nunca lhe vai sair da memória?
— Não sei se é porque é o mais recente, mas acho que foi o jogo contra o FC Porto em casa, em que marquei dois golos. Esse foi certamente o melhor jogo, em que me senti melhor, porque marquei dois golos. Foi num clássico e foi no Estádio da Luz, o que é muito mais bonito.
— Qual é o melhor golo da carreira?
— Tenho vários [sorrisos], mas se tiver de escolher um, porque hoje estou aqui, aquele golo de rabona que marquei na Liga Europa pelo Benfica contra o AEK da Grécia. Acho que foi por ser como foi, pela velocidade e tudo mais, foi um golo incrível.
— Já agora, tem tantos golos, é justo escolher três. Um já está, os outros dois quais são?
— Acho que posso escolher o golo da final do Mundial e pelo que ele representa, e também o golo da final contra o Brasil no Maracanã, na Copa América. Porque foi a primeira Copa América com a Argentina depois de 28 anos sem conquistar um título, e esse golo de chapéu, que me é característico, também é um dos meus favoritos.
— E o momento mais difícil da carreira, tem algum que identifique?
— De 2014 a 2016, quase até 2017, tive muitas lesões na seleção argentina. Foram os momentos mais difíceis para mim. Era muito difícil levantar a cabeça em momentos difíceis, em que tentava dar sempre o melhor para o meu país e queria sempre fazer o melhor. E acabavam por acontecerem-me coisas, lesões que não me deixavam levantar a cabeça. Mas sempre tive a minha família ao meu lado, que me apoiou e ajudou-me a seguir em frente. Então, nesse sentido, sou uma pessoa de sorte. O mau foram esses anos de seleção.
— No Benfica, qual foi o melhor e o pior momento?
— No Benfica, para mim, embora por vezes não tenha ganho títulos, foi tudo maravilhoso. Desde que cheguei com 18 anos até agora que vou embora com 37, os cinco anos foram inesquecíveis. Porque me senti em casa sempre, da primeira vez, como desta segunda vez. Não sei porquê, é difícil explicar com palavras o que se sente. Não sei. Os dois lugares onde sempre me senti muito confortável foram em Rosário e em Lisboa. São duas cidades muito parecidas, são pequenas, onde é fácil movimentarmo-nos e as pessoas são muito parecidas, com carinho, com tudo. Então, é uma cidade incrível e acho difícil dizer que passei por momentos maus, porque às vezes, quando não se ganha dentro de campo, tens as pessoas fora que te consideram um ídolo, uma lenda, e isso deixa-te muito feliz.
Qual foi o melhor campeonato onde jogou?
É difícil dizer qual foi o melhor campeonato. Cada um tem as suas particularidades. Senti-me muito confortável em todos eles. Tive a oportunidade de participar em todos os melhores campeonatos da Europa. Isso deixa-me tranquilo, ter conseguido ter a oportunidade de jogar em todas as ligas em que queria. Por isso, estou feliz por ter conseguido isso.