Vitória SC e Arouca terminaram empatadas a dois golos, num jogo de duas partes distintas. A gíria desportiva diz que uma equipa joga o que a outra deixar jogar, mas nesta noite, em Guimarães, houve duas equipas que aproveitaram as coisas menos boas de cada adversário para expressar o que tinham de melhor para o encontro.
Guimarães é especial. É conhecida a atmosfera que se vive no Estádio D. Afonso Henriques. É tão especial que não se dá ao luxo de assistir a um jogo com monotonia. Quando a noite parecia encaminhar-se para ser plena para os vitorianos, os arouquenses demonstraram um vontade ímpar e resgataram um ponto do Castelo.
Vasco Seabra montou uma estratégia ofensiva muito capaz: o tridente espanhol pressionou a primeira linha defensiva do Vitória SC, mas os vitorianos souberam criar alternativas para não cair no erro e na precipitação na construção ofensiva. Handel, Tiago Silva e Samu Silva povoaram a zona interior, deram muita proteção a Borevkovic e a Óscar Rivas e tudo ficou mais fácil.
Muitos a atacar e poucos a defender
O grande trunfo do Vitória SC, na primeira parte, foi a capacidade de jogar com as peças juntas e em velocidade. A equipa de Luís Freire foi muito mais perigosa e beneficiou da equipa do Arouca ser muito lenta a recuperar.
Kaio César e Nuno Santos foram duas flechas, enquanto Weverson Costa e Tiago Esgaio não foram capazes de aguentar com toda a velocidade, até porque Tiago Silva e Samu Silva ajudaram no festival de futebol ofensivo.
O Vitória SC marcou por duas vezes, mas criou oportunidades claras para dobrar esse marcador durante toda a primeira parte. O Remeseiro, Trezza e Gozálbez esqueceram-se de defender e a equipa de Vasco Seabra passou por muitas dificuldades.
Ainda assim, os três jogadores do Arouca têm qualidade acima da média e mesmo a terminar a primeira parte, a equipa do distrito de Aveiro deixou a ameaça para o que trouxe no segundo tempo.
Um jogo diferente
Se na primeira parte, os homens de Luís Freire tiveram praticamente exemplares, no segundo tempo a tendência mudou. É preciso, no entanto, acrescentar um fator muito importante: o Arouca apresentou-se com outra cara. Talvez essa surpresa tenha sido determinante para a mudança repentina que o desafio teve. A equipa de Vasco Seabra foi muito mais forte nos duelos e foi atrás do resultado, sem grande pressa, mas com muita assertividade.
O primeiro golo dos arouquenses até apareceu primeiro que os lances de perigo. Tiago Esgaio arriscou, roubou a bola Borevkovic e com o caminho livre rematou para o fundo da baliza de Bruno Varela. A partir deste momento, os jogadores do Arouca passaram a sentir ainda mais confiança no jogo.
A equipa de Vasco Seabra foi mais rápida nas ações, os ataques mais curtos e quase sempre pela zona frontal. A pressão dos homens do Vitória SC viveu uma crise de identidade, o Arouca sentiu isso e fez o empate, por Chico Lamba. O lance foi alvo de intensos protestos, mas a equipa de arbitragem validou o lance.
Os últimos minutos do encontro foram uma verdadeira lotaria. Com pouco rigor nas ações, as duas equipas acreditaram na felicidade com o coração no lugar da cabeça. Houve algum critério a defender, pouco a atacar e o resultado não se mexeu. O empate acaba por ser mais penalizador para os minhotos, mas coroa uma excelente resposta do Arouca.