Armando Evangelista é o novo treinador do Damac, equipa da Arábia Saudita, e em entrevista ao Canal GOAT do Brasil, falou sobre os principais desafios que enfrenta nesta nova etapa no futebol árabe.

"Eu sabia que ia ser assim, sabia que ia ser difícil, mas era um desafio que queria abraçar e é um desafio que vou querer vencer! Já sabia do grau de dificuldade que ia encontrar, um grau de dificuldade elevado até porque o Damac está a construir quase de raiz um plantel novo. Da época passada só transitaram aproximadamente meia dúzia de jogadores. Ou seja, só por si, fazer chegar ao clube à volta de 18 jogadores já é uma tarefa árdua. Sabemos, e é público, que em termos de recursos financeiros o Damac não tem a força de outros clubes aqui na Arábia Saudita, o que nos obriga a ser muito criteriosos em relação às escolhas e à análise que fazemos. Esse tem sido o principal desafio", declarou Evangelista abordando a fase difícil pela qual o clube está a passar.

O técnico português, de 57 anos, destacou alguns pontos positvos que acredita que são essenciais para encarar o futuro. "A forma como fui recebido, o carinho que toda a estrutura dispensou a mim e a toda a minha equipa técnica, a vontade que têm de que não nos falte nada. Estes são pontos positivos e que nos dão força para enfrentar os desafios e as dificuldades que vamos ter pela frente", acrescentou.

O Damac terminou na 14.ª posição no campeonato saudita na época passada, apenas dois lugares acima da zona de descida, e conta com uma fraco poder financeiro quando comparado com outro clubes no campeonato. "Por vezes, o mais importante dentro de um projeto, dentro de um clube, não é só o dinheiro. O dinheiro é fundamental, porque se consegue ter acesso a vários recursos, a bons jogadores, mas quando somos organizados, quando conseguimos mover e alinhar tudo dentro de um clube em prol de uma ideia, acredito que é possível. E a minha forma de treinar, a minha forma de estar na vida, é essa. Quando chego a um clube, aquilo que me dá prazer é conseguir conectar todo o clube, todas as pessoas que estão à volta do clube acreditem numa ideia, que acreditem que é possível. E quando se acredita nisso, eu acho que estamos mais próximos de ter sucesso, porque, sendo treinador, sozinho não consigo nada. Procuro sempre envolver toda esta gente dentro do projeto, dentro da ideia, dentro da ambição de poder querer sempre mais", vincou.

Armando Evangelista admitiu que o contacto com outros treinadores e jogadores portugueses que passaram pelo futebol árabe ajudou na vontade de rumar à Arábia. "Na verdade, eu tinha traçado este objetivo de trabalhar na Arábia Saudita já há algum tempo. E recusei algumas propostas para poder estar cá. Salvo erro, neste momento, são seis os treinadores portugueses que estão na Arábia Saudita: Eu, Jorge Jesus, Pedro Emanuel, Mário Silva, José Gomes e Paulo Sérgio. É óbvio que já outros treinadores portugueses passaram por cá. E fui falando com vários treinadores, com vários jogadores que passaram por cá para compreender o contexto, para saber aquilo que poderia esperar desta liga. E na verdade, depois de algumas conversas que tive, ainda aguçou mais o meu apetite e a minha vontade de vir trabalhar na Arábia Saudita e nesta liga porque, parece-me tratar-se de uma liga das ligas, mais inteligentes a nível global", concluiu o técnico luso do Damac.