
O Departamento do Comércio dos EUA abriu, na segunda-feira, uma investigação para determinar os "efeitos na segurança nacional" da importação de produtos farmacêuticos e semicondutores, um primeiro passo necessário para permitir ao Presidente Donald Trump impor taxas alfandegárias. O chefe de Estado acredita que as tarifas destinadas às farmacêuticas arrancarão "em breve".
Esta investigação, divulgada em documentos governamentais submetidos ao jornal oficial, é um primeiro passo necessário que pode permitir a Donald Trump emitir um decreto que impõe taxas alfandegárias sobre estes dois setores de atividade, na mira do presidente norte-americano desde o seu regresso à Casa Branca.
Donald Trump disse no domingo que não anunciou na sexta-feira isenção de taxas alfandegárias para dispositivos e componentes eletrónicos porque "pertencem a outra categoria tarifária" em análise, dando a entender que virão a ser taxados.
Na sexta-feira, a Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP) informou que telefones, computadores, ecrãs e vários componentes, incluindo semicondutores, estão isentos das chamadas "tarifas recíprocas" de Trump, que neste momento são de 10% para praticamente todos os países do mundo e de 145% para a China, castigada pela sua retaliação comercial.
"Nenhuma exceção tarifária foi anunciada na sexta-feira", escreveu, na segunda-feira, Trump na sua rede social Truth Social, numa publicação onde garante que "estes produtos estão sujeitos às atuais tarifas de 20% para o fentanil [que impôs contra a China no início do seu mandato por considerar que esta não faz o suficiente para combater o tráfico desta droga], e estão simplesmente a ser movidos para outra categoria tarifária".
"Os meios de comunicação social das notícias falsas sabem-no, mas recusam-se a noticiá-lo. Estamos a olhar para os semicondutores e para toda a cadeia de fornecimento de produtos eletrónicos nas próximas investigações tarifárias de segurança nacional", continua o texto, dando a entender que, tal como já tinha dito, os EUA estão a considerar uma taxa específica sobre os semicondutores.
Tarifas para farmacêuticas "num futuro próximo"
Ainda na segunda-feira, à margem da visita de Nayib Bukele à Casa Branca, o chefe de Estado norte-americano garantiu que irá impor tarifas às empresas farmacêuticas "num futuro próximo":
"Não fabricamos os nossos próprios medicamentos, os nossos próprios produtos farmacêuticos. Já não fabricamos os nossos próprios medicamentos. As empresas farmacêuticas estão na Irlanda e em muitos outros sítios, na China. E tudo o que tenho de fazer é impor uma tarifa. Quanto maior for, mais depressa se mudam para cá. É inversamente proporcional. Quanto maior for a tarifa, mais depressa elas vêm".
A investigação determinada pelo Departamento do Comércio deverá começar na quarta-feira com um pedido de comentários, que deverá durar no máximo 21 dias.
Utiliza uma secção da lei que permite ao presidente impor tarifas sobre os produtos se se demonstrar que o seu volume de importação representa um risco para a segurança nacional.
A disposição, aprovada em 1962, no entanto, quase nunca foi utilizada antes de Donald Trump, durante o seu primeiro mandato, para justificar a imposição de impostos sobre as importações de aço e alumínio.
O Presidente dos EUA baseou-se mais uma vez nesta cláusula, conhecida como Secção 232, para reintroduzir tarifas de 25% sobre o aço, o alumínio e os automóveis em meados de março.
Donald Trump fez das tarifas a pedra basilar da sua política económica e uma importante ferramenta diplomática para extrair concessões de outros países.
Com Lusa