O primeiro-ministro defendeu hoje que o quadro de atual incerteza mundial agravado pela crise das tarifas "é mesmo o momento de ter adultos na sala", avisando para a "impreparação e precipitação de alguns agentes nacionais".

Numa declaração, sem direito a perguntas, no final do Conselho de Ministros dedicado a responder às tarifas aduaneiras aplicadas pelos Estados Unidos (entretanto suspensas por 90 dias), Luís Montenegro defendeu que "não é tempo de aventuras" e que "nunca a estabilidade, a experiência, a prudência e a maturidade política foram tão decisivas".

"Como diz o povo, é mesmo o momento de ter adultos na sala. Sem alarmismos, sem precipitações, estamos preparados e tomaremos as decisões necessárias para lidarmos o melhor possível com esta situação desafiante", afirmou o primeiro-ministro.

A pouco mais de um mês de legislativas antecipadas, Montenegro considerou que o país não pode "acrescentar à incerteza e ao risco externo e internacional a irresponsabilidade, a precipitação e a impreparação de alguns agentes nacionais".

"Os portugueses não esquecem o défice descontrolado e a dívida galopante ou o desemprego elevado, causados por receitas ilusórias que depois impuseram um enorme sacrifício para que fossem ultrapassadas. Por isso, não abdicamos de contas certas, nem vendemos ilusões que amanhã nos possam sair mais caras", frisou.

Para o primeiro-ministro, "este não é um tempo de aventuras, é um tempo de sentido de responsabilidade, de sentido de ambição, de estabilidade".

A defesa

Além disso, o primeiro-ministro anunciou que Portugal vai antecipar a meta de atingir 2% de investimento em Defesa do Produto Interno Bruto, que estava prevista para 2029, mas sem detalhar para quando, dizendo que implicará "consenso político amplo".

"Com sentido de responsabilidade e de forma gradual e sustentada, vamos antecipar a meta de atingirmos 2% do nosso PIB de investimento na área da defesa que estava previsto até 2029", anunciou Luís Montenegro, no final de um Conselho de Ministros dedicado a responder às tarifas aduaneiras dos Estados Unidos.

No final da conferência de imprensa, o primeiro-ministro não respondeu a perguntas, com a comunicação social a poder colocar seis questões ao ministro da Economia, Pedro Reis.

O primeiro-ministro assegurou que esta antecipação será feita "sem pôr em causa a capacidade do Estado Social e a estabilidade das contas públicas".

"O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, o ministro de Estado e das Finanças, o ministro Adjunto e da Coesão Territorial, o ministro da Defesa Nacional e o ministro da Economia estão já a trabalhar em coordenação estreita numa estratégia integrada e ambiciosa neste domínio que implica, naturalmente, um consenso político nacional que seja amplo e responsável", afirmou.

O primeiro-ministro reiterou que Portugal quer transformar a necessidade de aumentar o investimento em Defesa "numa oportunidade".

"Investir o mais possível em produtos desenvolvidos em Portugal, contribuindo para o dinamismo da indústria nacional e estimulando a nossa capacidade exportadora", disse.

Montenegro adiantou que há projetos tecnológicos na área da defesa em Portugal "já num adiantado estádio de desenvolvimento, como é o caso dos drones de última geração", e outros "com elevado potencial, como é o caso do setor aeronáutico ou marítimo".

"Temos todo o interesse em olhar para a nossa indústria e ver nela a oportunidade de construirmos soluções que permitam mais e melhores empregos, mais e melhor dinamismo da atividade económica", considerou.

O primeiro-ministro reiterou que, no âmbito da negociação do próximo quadro financeiro plurianual da União Europeia, Portugal "tem defendido que haja mecanismos europeus para investimento na área da defesa".