Charles Sousa, Peter Fonseca, Alexandra Mendes e Carlos Leitão garantiram a eleição nos respetivos círculos eleitorais, reforçando a presença luso-canadiana na Câmara dos Comuns.

Reeleito em Mississauga--Lakeshore, Charles Sousa afirmou à Lusa que a vitória "é para o Canadá", sublinhando a necessidade de "trabalhar em conjunto para resolver os desafios" que o país enfrenta.

Sousa elogiou a liderança de Carney e defendeu que o foco dos deputados deve ser o interesse nacional e não "o bem de um partido".

"O Canadá precisa de unidade, especialmente para proteger a nossa independência face aos Estados Unidos e para reforçar a nossa economia no mercado global", declarou.

Charles Sousa, filho de imigrantes portugueses, tem uma carreira de destaque na política provincial e federal. Antes de ingressar na política federal em 2022, foi ministro das Finanças de Ontário entre 2013 e 2018.

Na eleição de segunda-feira, Sousa conquistou 34.269 votos (52,2%), numa votação quase total no distrito de Mississauga--Lakeshore.

Também em Mississauga, Peter Fonseca assegurou a reeleição em Mississauga East--Cooksville, com 25.902 votos (49,9%).

Ex-maratonista olímpico e antigo ministro do Trabalho do Ontário, Fonseca mantém-se na Câmara dos Comuns desde 2015, onde presidiu recentemente ao Comité Permanente de Finanças.

Na província do Quebeque, Alexandra Mendes renovou o seu mandato em Brossard--Saint-Lambert, obtendo 62,4% dos votos.

Natural de Lisboa e residente no Canadá desde 1978, Mendes, condecorada em 2023 com o grau de Comendadora da Ordem de Camões, é uma das vozes liberais mais influentes em temas de imigração e multiculturalismo. Apesar de enfrentar um tratamento contra o cancro anunciado este ano, reafirmou o seu compromisso com o serviço público.

A grande novidade destas eleições foi a estreia de Carlos Leitão na política federal.

O ex-ministro das Finanças do Quebeque foi eleito no distrito de Marc-Aurèle-Fortin, em Laval, com 52,2% dos votos.

Natural de Peniche e economista de reputação internacional, Leitão reforça a bancada liberal num momento de forte desafio económico e diplomático para o Canadá.

Num resultado inesperado face às sondagens de há poucos meses, quando estavam contadas 73.716 das 75.482 mesas de voto, os Liberais asseguravam 167 lugares, contra 145 dos Conservadores de Pierre Poilievre, que pode não ser eleito (com 253 de 266 urnas apuradas, o liberal Bruce Fanjoy liderava com 50% dos votos, contra 46,6% de Poilievre).

O Bloc Québécois ficou com 23 assentos, o Novo Partido Democrático (NDP) com sete e o Partido Verde com um.

Para maioria absoluta seriam necessários 172 lugares.

O líder do NDP, Jagmeet Singh, anunciou a demissão depois de um resultado desastroso para o seu partido, enquanto o Bloc Québécois perdeu 11 lugares relativamente ao início da campanha.

Esta eleição decorreu pouco mais de cinco semanas depois de Mark Carney ser empossado primeiro-ministro, sucedendo a Justin Trudeau. Carney centrou a campanha na defesa da soberania nacional e na resposta às tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos de Donald Trump.

A vitória consolidou a rápida ascensão política de Carney, ex-governador dos bancos centrais do Canadá e do Reino Unido, que prometeu unir o país e enfrentar os desafios económicos e diplomáticos com pragmatismo.

Os resultados finais devem ser confirmados nas próximas horas, mas os Liberais preparam-se para formar o próximo Governo do Canadá, numa legislatura que promete ser marcada por exigências de cooperação entre partidos e uma defesa firme dos interesses nacionais.

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