"Lutas cujo alvo não era o povo português, mas sim o regime colonial fascista que nos oprimia, tanto a nós, africanos, como o próprio povo português. Por isso, a vitória é de todos nós. Durante a luta de libertação nacional, esta consciência ficou enraizada no seio dos combatentes e das massas, o que permitiu a definição clara do inimigo, que era o regime colonial fascista português e não o povo português", enfatizou Chapo, no discurso oficial das comemorações dos 50 anos da independência moçambicana.

Destacando a presença de representações de países africanos de língua portuguesa nestas cerimónias, no Estádio da Machava, arredores de Maputo, no caso o Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, e a presidente da Assembleia Nacional de Angola, Carolina Cerqueira, Daniel Chapo sublinhou igualmente Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente português.

"Nosso irmão, que por maioria da razão é também cidadão de Moçambique. Ele diz publicamente que Moçambique é a sua segunda pátria. Muito obrigado pela sua presença", disse Chapo, dirigindo-se a Marcelo Rebelo de Sousa.

"Viveu intensamente a história comum de Moçambique e Portugal. Ele ama os dois países, Moçambique e Portugal. Daí a sua presença hoje", destacou o Presidente moçambicano, manifestando o objetivo ao Presidente português: "Nós queremos uma aproximação cada vez maior entre Moçambique e Portugal. Queremos livre circulação entre cidadãos dos dois países, nos dois sentidos, porque somos dois povos irmãos e amigos para sempre".

"A vossa presença nesta cerimónia, senhor Presidente Marcelo, orgulha-nos bastante, porque eleva ao mais alto nível os nossos laços históricos, culturais e de amizade, forjados desde os tempos do Vasco da Gama e de Camões, que por esta terra também passaram", concluiu Daniel Chapo.

Moçambique celebra hoje os 50 anos de independência, com a cerimónia principal, em Maputo, dirigida pelo Presidente da República, Daniel Chapo, e com a presença de vários chefes de Estado, incluindo o de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.

As cerimónias centrais decorrem no histórico Estádio da Machava, local onde o primeiro Presidente do país, Samora Machel, proclamou a independência às primeiras horas de 25 de junho de 1975, após uma luta contra o regime colonial português que começou em 25 de setembro de 1964.

Neste processo, Daniel Chapo - o primeiro chefe de Estado de Moçambique nascido após a independência -, sublinhou no seu discurso igualmente a "visão" de Eduardo Mondlane (1920 -- 1969), fundador histórico da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), que liderou a luta anticolonial.

Além do discurso oficial do Presidente moçambicano, a cerimónia de hoje incluiu desfiles militares, momentos culturais, uma mensagem dos representantes dos cidadãos que completam 50 anos de idade (mesmo período da independência) e uma intervenção do líder do Podemos, enquanto maior partido da oposição.

Dezenas de milhares de moçambicanos assistem no estádio da Machava, que tem capacidade oficial para 45.000 pessoas, e no exterior, ao evento, marcado também pela chegada da chama da unidade, depois de percorrer todo o país, desde 07 de abril. A chama foi utilizada nesse momento, pelo chefe de Estado, para acender a pira do estádio, com o apoio dos antigos Presidentes Joaquim Chissano, Armando Guebuza e Filipe Nyusi.

 

PVJ // JMC

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