
“O objetivo do curso é colmatar uma lacuna do mercado nacional na produção da canábis medicinal”, afirma José Telo da Gama, em entrevista ao SaúdeOnline. Como explica o coordenador do curso, este é “o primeiro curso com forte componente prática” e que vai dar resposta a quem se queira dedicar a esta área ou mesmo a quem já trabalhe em estufa. “Hoje, as estufas estão a recrutar agrónomos que não têm especialização, quer em trabalho em estufa quer na produção de canábis medicinal. Vão poder assim ter essa formação, já que temos uma parceria com a MHI Cultivo Medicinal S.A.”
A aposta nesta especialização surge, sobretudo, pela aprovação, por parte do Infarmed, de vários produtos à base de canábis medicinal e ao licenciamento de várias dezenas de empresas neste setor.
Até ao momento, este tipo de tratamento apenas está previsto para casos de espasticidade associada à esclerose múltipla ou lesões da espinal medula; náuseas, vómitos (resultante da quimioterapia, radioterapia e terapia combinada de HIV e medicação para hepatite C); estimulação do apetite nos cuidados paliativos de doentes sujeitos a tratamentos oncológicos ou com SIDA; dor crónica (associada a doenças oncológicas ou ao sistema nervoso, como dor neuropática causada por lesão de um nervo, dor do membro fantasma, nevralgia do trigémio ou após herpes zóster); síndrome de Gilles de la Tourette; epilepsia e tratamento de transtornos convulsivos graves na infância, tais como as síndromes de Dravet e Lennox-Gastaut; e glaucoma resistente à terapêutica.
Para complementar o percurso académico, o IPP estabeleceu protocolos de estágio com produtores de canábis medicinal em Portugal e Espanha. O curso conta com o apoio do Observatório Português de Canábis Medicinal.
MJG
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