O diretor de operações do Polígrafo, Filipe Pardal, considera à agência Lusa que, em matéria de desinformação, os padrões estão a repetir-se nesta campanha eleitoral face à de 2024, salientando a recuperação de narrativas de imigração e habitação.

Filipe Pardal começa por dizer que, em tempo de eleições, "as questões de desinformação não são propriamente diferentes daquelas que são as do resto do ano, apenas têm mais relevância e mais repetição".

O responsável do Polígrafo, jornal português de 'fact-checking', explica que durante as campanhas eleitorais "há muitas alegações de vários líderes partidários que já foram verificadas pelo Polígrafo há mais tempo, e muitas vezes voltam ao discurso partidário, não só pelos líderes, mas também pelas segundas linhas [dos partidos] e dos candidatos e deputados".

Quando isto acontece, Filipe Pardal refere a necessidade de reconfirmar, "ver se há dados novos, verificar se aconteceu ou não, analisar a questão e o porquê de ter voltado a ser pertinente no espaço público", pois, "em termos de eleições, muitas vezes, não há alegações propriamente novas, mas há um vincar de alegações que por vezes são desinformação para tentar capitalizar o voto".

Para o responsável, "as estruturas de comunicação dos partidos estão mais profissionais", pois há mais preparação para números, por exemplo, e "uma preocupação maior em não mentir, ou pelo menos em não ser apanhado em incongruências".

Filipe Pardal explica que anteriormente os partidos não eram tão rigorosos a apresentar alguns números, mas com o trabalho de verificação de factos "as estruturas partidárias começaram a perceber que, se não forem muito rigorosas, no dia a seguir serão confrontados com os números oficiais".

Durante as campanhas eleitorais, Filipe Pardal menciona que o Polígrafo tem também em conta o desafio da proporcionalidade entre os partidos políticos, dizendo que em relação às últimas legislativas em matéria de desinformação "os padrões repetem-se".

"Os grandes temas da campanha a nível de desinformação continuam a ser a questão da imigração, continua a ser a habitação e matérias que são importadas lá de fora para Portugal", conclui.

As eleições legislativas decorrem no próximo domingo, 18 de maio, e concorrem 21 forças políticas: AD (PSD/CDS-PP), PS, Chega, IL, BE, CDU (PCP/PEV), Livre, PAN, ADN, RIR, JPP, PCTP/MRPP, Nova Direita, Volt Portugal, Ergue-te, Nós, Cidadãos!, PPM, PLS e, com listas apenas numa ou nas duas regiões autónomas, MPT, PTP e PSD/CDS/PPM.