Debaixo de fogo. É este ambiente que Eduardo Jesus cavou e no qual tem estado atolado, nas últimas horas, à conta de um microfone que ficou por desligar na Assembleia Legislativa da Madeira. Resultado? Indignação generalizada e pedidos de demissão que não param de se multiplicar.

E a imposição surge, sobretudo, pelos insultos e injúrias proferidas pelo governante. Linguagem imprópria utilizada e que se ouviu muito bem através de termos como "gaja", "bardamerda" e "palhaço-mor". Palavras dirigidas a três alvos da oposição, neste caso das deputadas do Partido Socialista (PS), Sílvia Silva e Sancha Campanella, e do deputado do Juntos Pelo Povo (Rafael Nunes).

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Declarações Eduardo Jesus

Agora, o secretário regional do Turismo, Ambiente e Cultura dá a sua leitura dos acontecimentos e justifica o que aconteceu, ontem, em pleno debate do Orçamento Regional para 2025. Diz que os termos utilizados... estão no dicionário.

Os termos que eu utilizei - foi mais do que um - estão no dicionário de língua portuguesa e, como se pode ver, são adjectivos que nós, com muita regularidade, utilizamos e que o léxico popular utiliza frequentemente. Qualquer cidadão refere aqueles termos com a velocidade que anda no seu dia-a-dia. Eduardo Jesus
Fotos Rui Silva/ASPRESS
Fotos Rui Silva/ASPRESS dnoticias.pt

Em reacção ao sucedido, Eduardo Jesus também recorda que "o ambiente parlamentar tem características próprias" e que são "apartes".

"Os apartes parlamentares existem na Madeira, nos Açores, a nível nacional - em qualquer parlamento - e há uma determinada cultura político-partidária parlamentar que é permissiva a esses mesmos apartes. É por isso que os deputados no seio do parlamento têm uma protecção própria para evitar que cada vez que façam um aparte sejam chamados por injúria ou por ofensas, senão a justiça não tinha mãos a medir. E, por isso, é preciso não perder este enquadramento. É um enquadramento que tem uma sequência lógica", defendeu o governante com a tutela do Turismo, Ambiente e Cultura.

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Além disso, nesta justificação, Eduardo Jesus considera ser "importante (...) ter a noção do contexto" e que "as coisas ocorrem enquadradas numa sequência de acontecimentos."

No caso das injúrias dirigidas à deputada Sílvia Silva - a única que mereceu a sua explicação - o secretário lamenta que "por uma qualquer intenção, isolou-se uma reacção da causa dessa reacção" e alerta que "a deputada em apreço tinha feito uma afirmação" que considera "grave".

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Declarações Eduardo Jesus

Segundo Eduardo Jesus, a socialista atribui "responsabilidade aos dirigentes do IFCN como sendo os responsáveis pelos incêndios que têm acontecido na Madeira", pelo que considerou essa afirmação "criminosa" e que, "mesmo sob a protecção parlamentar, qualquer deputado devia ter cuidado".

O isolar um episódio não conta a história toda e, além disso, foi um comentário que eu produzi referindo-me a uma pessoa e não dirigindo-me à pessoa. Para além de que o termo utilizado está ao acesso de qualquer um de nós no dicionário de língua portuguesa. Eduardo Jesus

"É incorrecto, não é justo e, além disso, estamos a falar de pessoas a quem a Madeira e Porto Santo muito devem para evitar que o efeito das alterações climáticas ainda seja mais severo nas nossas vidas e, por isso, é importante perceber esta relação entre causa e efeito e a reacção que existiu foi a isto. Uma certa indignição, porque aproveitando-se de um momento de pergunta faz-se uma acusação, uma incriminação desta natureza", sintetizou o secretário.