O número decorre, segundo disse o responsável da ONU em declarações à Rádio 4 da BBC, de uma avaliação feita pelas equipas do OCHA no terreno.

"Temos equipas fortes no terreno. Claro que muitos dos elementos dessas equipas foram mortos, mas ainda temos muitas pessoas no terreno. Estão em centros médicos, em escolas... a avaliar as necessidades", adiantou.

"Quero salvar o maior numero possível destes 14 mil bebés nas próximas 48 horas", acrescentou.

Referindo que a quantidade de ajuda que Israel está a permitir entrar em Gaza "é lamentável", Tom Fletcher reiterou que a autorização de entrada de nove camiões de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, após 11 semanas de bloqueio, é "uma gota de água no oceano".

Segundo sublinhou, até agora, apenas cinco camiões de ajuda humanitária tiveram acesso ao enclave palestiniano, o que "é uma ajuda totalmente inadequada" para as necessidades da população.

Embora nenhuma ajuda humanitária tenha entrado no território palestiniano desde 02 de março, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou no domingo que ia autorizar a entrada de uma "quantidade básica de alimentos destinados à população, a fim de evitar o desenvolvimento da fome na Faixa de Gaza".

As autoridades israelitas já tinham anunciado que tinham deixado passar camiões com alimentos para bebés, sem especificar quantos, mas, de acordo com Fletcher, essa ajuda está tecnicamente em Gaza, mas não chegou aos civis, já que se mantém "do outro lado da fronteira".

"A quantidade limitada [de alimentos] agora autorizada a entrar em Gaza não substitui, evidentemente, o acesso sem entraves aos civis necessitados", insistiu Tom Fletcher, lembrando que as Nações Unidas têm um plano para fornecer ajuda em grande escala no território palestiniano.

Na semana passada, a ONU explicou que tinha camiões carregados com 171.000 toneladas de alimentos à espera de serem autorizados a entrar.

Durante o cessar-fogo de 42 dias entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas, no início do ano, 4.000 camiões de ajuda entraram no território todas as semanas, segundo a ONU.

Fletcher apelou ainda a Israel para que abra "pelo menos dois pontos de passagem para Gaza", para que "simplifique e acelere os procedimentos e levante todas as quotas", a fim de satisfazer todas as necessidades em termos de "alimentos, água, higiene, abrigo, saúde ou combustível".

Tom Fletcher adiantou esperar que Israel deixe entrar hoje 100 camiões em Gaza.

"Será difícil", admitiu, garantindo que, se houver permissão, esses camiões, serão carregados com comida para bebés.

A abertura agora dada pelo Governo de Telavive foi justificada por Netanyahu com o receio de que as imagens de fome dos palestinianos fizessem com que os aliados de Israel retirassem o apoio militar e diplomático ao país.

As agências da ONU e as organizações não-governamentais (ONG) que trabalham em Gaza têm vindo, há várias semanas, a assinalar a escassez de alimentos, água potável, combustível e medicamentos no território palestiniano, em guerra há mais de 19 meses.

"Dois milhões de pessoas estão a passar fome" em Gaza, enquanto "toneladas de alimentos estão bloqueadas na fronteira", lamentou o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Israel impôs um bloqueio ao território palestiniano de 2,4 milhões de habitantes em março, depois de ter posto termo a um cessar-fogo negociado em janeiro, durante o qual trocou vários reféns israelitas por prisioneiros palestinianos.

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