
"Os cortes repentinos no orçamento do setor humanitário estão a colocar milhões de vidas em risco. As consequências para as pessoas que fogem do perigo serão imediatas e devastadoras", disse Grandi numa declaração, sem, contudo, fazer menção à diminuição da ajuda oriunda dos Estados Unidos.
"As consequências para as pessoas que fogem do perigo serão imediatas e devastadoras", avisou o Alto Comissário, no comunicado, explicando que, "com menos financiamento, menos funcionários e uma presença reduzida do ACNUR nos países que acolhem refugiados, a equação é simples: perder-se-ão vidas".
Grandi enviou também uma comunicação interna aos seus funcionários a informá-los sobre a situação e a anunciar que a organização será forçada a cortar postos de trabalho.
"Apelamos aos estados-membros para que honrem os seus compromissos para com as pessoas deslocadas. Chegou a hora, não de retirada, mas de solidariedade", defendeu Grandi, cuja organização contava com mais de 15 mil funcionários em setembro de 2024.
Os Estados Unidos são, de longe, o maior doador de ajuda externa.
Contudo, o Presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva, imediatamente após ter tomado posse, a 20 de janeiro, ordenando um congelamento de 90 dias da ajuda externa dos EUA.
Desde então, o Governo dos Estados Unidos empreendeu o quase desmantelamento da agência de desenvolvimento dos EUA, a USAID, que era responsável por 42% da ajuda humanitária em todo o mundo.
Grandi lembra que as mulheres e raparigas refugiadas e expostas a "risco extremo de violação e outros abusos já estão a perder o acesso aos serviços que lhes permitiam manter-se seguras".
"As crianças são privadas dos professores e das escolas, obrigando-as ao trabalho infantil, ao tráfico ou ao casamento precoce. As comunidades de refugiados terão menos abrigo, água e alimentos", denunciou o Alto Comissário.
Em meados de fevereiro, um porta-voz desta agência das Nações Unidas informou que a organização iria "interromper uma série de atividades mais diretamente afetadas pela suspensão da ajuda norte-americana, incluindo a reinstalação de refugiados nos Estados Unidos", explicando que aproximadamente 600 postos de trabalho relacionados com estes programas teriam de ser eliminados.
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