
O novo Observatório Vera Rubin, no Chile, divulgou as suas primeiras imagens do espaço, capturadas pela maior câmara digital do mundo. As fotografias revelam milhões de galáxias, estrelas e asteroides, oferecendo vistas impressionantes do Universo com detalhes nunca antes observados.
As fotografias revelam uma impressionante tapeçaria cósmica: uma vista panorâmica do aglomerado de galáxias de Virgem, com inúmeros objetos celestes, desde estrelas azuis e vermelhas brilhantes a galáxias espirais, elípticas e aglomerados de galáxias distantes em tons vívidos de vermelho, azul e laranja.
Outra imagem, resultado de 678 fotografias tiradas ao longo de sete horas, revela as nebulosas Trífida e Laguna - berços de formação de estrelas a milhares de anos-luz da Terra - a brilhar num rosa intenso sobre um fundo vermelho-alaranjado, com tal detalhe que revela características nunca antes observadas.
Estas cores - que não correspondem exatamente ao que seria visto a olho nu - revelam detalhes importantes, como a distância e o tamanho, com uma precisão incomparável, que ajudam os cientistas a compreender melhor a história da expansão do universo.
A equipa do observatório divulgou também um vídeo chamado "Cosmic Treasure Chest" (Baú do Tesouro Cósmico), que começa com um grande plano de duas galáxias e que vai gradualmente revelando mais 10 milhões.
Vera C. Rubin, que recebeu o nome da astrónoma norte-americana que desvendou os segredos da matéria escura, vai passar a próxima década a fazer o filme do céu noturno utilizando a maior câmara fotográfica alguma vez construída, examinando repetidamente o céu para criar um registo ultra-amplo e de ultra-alta definição do nosso Universo.
O observatório em construção há 10 anos, está equipado com um telescópio de 8,4 metros, um dos maiores telescópios do mundo, associado à maior câmara do mundo e com poderosos sistemas de processamento de dados para também ser o melhor a detetar objetos interestelares a passar pelo nosso sistema solar, dizem os astrónomos.
Financiado pela Fundação Nacional de Ciências e pelo Departamento de Energia dos EUA, Vera C. Rubin está localizado no deserto do Chile, um local ideal para observar o cosmos, graças aos céus limpos de nuvens e ao clima seco.
Ainda este ano, iniciará o projeto Legacy Survey of Space and Time (LSST), que examinará o céu todas as noites durante a próxima década, captando até as mudanças mais subtis com uma precisão incomparável.
Matéria escura e energia escura
A matéria escura e a energia escura compõem 95% do Universo, mas a sua natureza permanece um grande mistério para os cientistas.
- Matéria escura - um material misterioso que atua como cimento para as galáxias, impedindo que as estrelas sejam ejetadas
- Energia escura - uma força responsável pela expansão do universo.
A missão Euclid, lançada pela ESA em 2023investiga este “lado escuro” do Universo, vai fazer o mapa da estrutura e evolução do Universo ao longo de milénios, com foco na matéria escura e energia escura.
Asteroides e objetos interestelares
O observatório Vera Rubin é também considerado um dos instrumentos mais poderosos para detetar asteroides.
Em apenas dez horas, descobriu 2.104 novos asteroides no nosso sistema solar, incluindo sete a passar perto da Terra, mas que já foi determinado que não representam qualquer ameaça para o nosso planeta.
Todos os outros observatórios juntos, quer no espaço, quer na Terra, descobrem aproximadamente 20.000 novos asteroides por ano.
Será também o instrumento mais eficaz a detetar objetos interestelares que passam pelo nosso sistema solar.
Os melhores céus do mundo
Os céus escuros e imaculados do deserto do Chile são mundialmente reconhecidos como um dos melhores locais para a astronomia. O país alberga por isso telescópios de mais de 30 países, incluindo alguns dos instrumentos astronómicos mais avançados do mundo, como o observatório ALMA - Atacama Large Millimeter Array, o radiotelescópio mais potente do planeta.
Outro grande projeto no deserto do Atacama, o Telescópio Extremamente Grande, do Observatório Europeu do Sul (ESO), está programado para iniciar as suas operações em 2027 e promete explorar distâncias cósmicas até agora inacessíveis.