
A marcha iniciou-se na Avenida dos Aliados e circundou o centro do Porto, preenchendo praticamente metade da Praça da República, a totalidade da Rua da Boavista até à viragem para Cedofeita e a totalidade da Rua de Cedofeita, até chegar ao Largo Amor de Perdição, na Cordoaria.
Ao longo do percurso, entre bandeiras coloridas desde as mais pequenas até às gigantes, foram visíveis cartazes com inscrições como "Direito a existir, dever de resistir", "O mundo precisa do nosso ativismo", "Antes fufa que fascista", "O amor é de todas as cores", "Viver não é só respirar", "Não há cura para o que não é doença", "O amor não precisa da tua permissão" ou "Gisberta presente".
Também foram sendo entoados cânticos como "nem menos, nem mais, direitos iguais", "a nossa luta é todo o dia contra o machismo, fascismo e homofobia", "vida independente é para toda a gente", "o corpo não binário é revolucionário" ou "mulheres com deficiência também estão na resistência".
"A importância é de ser a vigésima. A importância é de assistirmos a um retrocesso e um ataque àquilo que são as nossas existências. Então, é um dever vir lutar, especialmente para quem pode. Infelizmente estamos cá também por aquelas e por aqueles que não conseguem lutar", disse hoje à Lusa Filipe Gaspar, da organização, antes do arranque da marcha.
Filipe Gaspar considerou que "esse imperativo este ano é mais forte precisamente para lutar contra essas ameaças que vêm das linhas orientadoras da extrema-direita", sendo o objetivo da marcha "vir para a rua ocupar o espaço público".
"O discurso de ódio tem crescido de forma horrorosa. Basta ver os comentários que vemos nas páginas dos jornais, que para nós é um constante ataque", lamentou, pedindo às pessoas que imaginem o que seria "todos os dias abrir um jornal e ver a sua identidade ou a sua forma de existir atacada".
Precisamente sobre os comentários que incentivam as pessoas LGBTI+ a não se expressarem publicamente, Filipe Gaspar considera que "esse tipo de crítica vem de um lugar de preconceito - que todos temos, por isso isto não é um insulto a ninguém" - alicerçado numa sexualização errónea das pessoas.
"Só que nós estamos a falar de afeto", bem como do "direito à família, é isso que estamos a reivindicar, e também querem que nós fiquemos em casa, que escondamos as nossas famílias, a forma do nosso afeto", prosseguiu.
Filipe Gaspar afirmou que se quem critica viesse a uma marcha poderia "desconstruir muitos preconceitos e estereótipos em relação às pessoas que frequentam este lugar, este espaço e estas existências".
"É mesmo baixar as guardas e ouvirmos. Nós somos pessoas, nós somos seres humanos como qualquer pessoa, temos sentimentos, e não queremos ser reduzidos a seres sexuais, sexualizados ou fetichizados. Não queremos estar nesse lugar, queremos efetivamente estar no lugar de toda a gente: no trabalho, nas instituições, na política", vincou.
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