"Satisfeito por ver um país que está a olhar para o futuro, que olha para o futuro com um clima que quer que seja de desenvolvimento económico e social, de desenvolvimento financeiro, de progresso, de Justiça e, portanto, naturalmente, também de estabilidade política e institucional", disse o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa questionado pela Lusa, à chegada a Maputo, sobre a pacificação que se vive em Moçambique, desde março, após cinco meses de agitação pós-eleitoral que provocou cerca de 400 mortos.

O Presidente português chegou cerca das 19:00 locais (18:00 em Lisboa) à Base Aérea de Maputo, onde foi recebido por membros do Governo moçambicano e um grupo de música e dança tradicional moçambicana. Marcelo Rebelo de Sousa, que permanece em Maputo até quinta-feira, é um dos mais de 30 chefes de Estado esperados para a cerimónia de comemoração dos 50 anos da proclamação da independência de Moçambique, em 25 de junho de 1975.

"Particularmente significativo também que Moçambique vive um novo ciclo político e esse novo ciclo político significa que, além de se celebrar os 50 anos, que é o fundamental, temos de olhar para o futuro. E o Presidente de Moçambique irá à Europa dentro de dias (...) e estará, na volta que dá na Europa, em Portugal, no dia 03 de julho, já. Encontramo-nos amanhã aqui e encontramo-nos dia 03 de julho em Lisboa", disse ainda Marcelo Rebelo de Sousa.

"O que significa que realmente o mundo não para, a amizade não para, a amizade aprofunda-se, a cooperação aprofunda-se, a construção conjunta do futuro aprofunda-se e isso é o grande significado da minha presença aqui em nome de todos os portugueses", acrescentou.

O chefe de Estado português recordou que começa em Moçambique "aquilo que é um ciclo de 50 anos de independência dos Estados irmãos".

"Houve em 2023 a independência unilateral celebrada no Estado irmão da Guiné-Bissau, mas neste ciclo Moçambique está em primeiro lugar, a seguir virá Cabo Verde, depois São Tomé e Príncipe e mais tarde Angola. No caso de Moçambique, naturalmente que se juntam vários aspetos muito importantes. E não falo do afetivo, que é óbvio, que é natural, que já conhecem: eu costumo dizer, que é a minha segunda pátria", afirmou.

Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou ainda que a cooperação de Portugal com Moçambique "subiu ao longo dos 50 anos e subiu em particular nos últimos anos".

"Vou salientar, por exemplo, a cooperação política, a cooperação militar, a cooperação sanitária - tivemos a pandemia pelo meio -, a cooperação cultural, a cooperação económica e financeira, que é para continuar e para aprofundar. E tudo isso é um momento particularmente significativo", reconheceu.

Moçambique celebra quarta-feira os 50 anos de independência, com a cerimónia principal, em Maputo, dirigida pelo Presidente da República, Daniel Chapo.

As cerimónias centrais vão decorrer no histórico Estádio da Machava, na capital moçambicana, local onde o primeiro Presidente do país, Samora Machel, proclamou a independência às primeiras horas de 25 de junho de 1975, após uma luta contra o regime colonial português que começou em 25 de setembro de 1964.

Além do discurso oficial do Presidente da República de Moçambique, a cerimónia inclui desfiles militares, momentos culturais, uma mensagem dos representantes dos cidadãos que completam 50 anos de idade (mesmo período da independência) e uma intervenção do líder do Podemos, enquanto maior partido da oposição.

São esperadas pelo menos 40.000 pessoas no estádio da Machava, que tem capacidade oficial para 45.000 pessoas, num evento marcado também pela chegada da chama da unidade, depois de percorrer todo o país, desde 07 de abril. A chama será utilizada nesse momento, pelo chefe de Estado, para acender a pira do estádio.

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