
O Presidente da República defendeu hoje que o próximo Papa deve dar continuidade à mensagem do Papa Francisco de abertura, contra as discriminações, de preocupação com os mais pobres e de paz.
Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas à saída da Nunciatura Apostólica da Santa Sé em Lisboa, onde hoje assinou o livro de condolências pela morte do Papa Francisco.
O chefe de Estado defendeu que o próximo Papa deve ser "alguém que pegue na mensagem de abertura, de disponibilidade, de preocupação com os mais pobres e mais explorados, de paz, de não discriminar ninguém" do Papa Francisco, "e continue".
Interrogado se espera que essa mensagem seja ouvida pelos responsáveis políticos, o Presidente da República respondeu que "até houve uma oportunidade única" para isso, referindo-se ao encontro do Papa Francisco com o vice-presidente dos Estados Unidos J.D. Vance, no domingo de Páscoa.
"Para quem acredita, nada é por acaso. O ter recebido, no dia anterior à morte, o vice-presidente americano, mesmo naquele estado de saúde, pode ter, quem sabe, efeitos positivos. Nunca se sabe", considerou Marcelo Rebelo de Sousa.
Nestas declarações aos jornalistas, o chefe de Estado falou da mensagem de "homenagem grata e saudosa de Portugal" que deixou no livro de condolências da Nunciatura Apostólica e da relação do Papa Francisco com o país e com Fátima.
Segundo o Presidente da República, "ele gostou de conhecer Portugal, não conhecia Portugal, não tinha o apelo da mensagem de Fátima".
Marcelo Rebelo de Sousa contou que os dois falaram disso logo quando foi recebido no Vaticano em março de 2016, no início do seu primeiro mandato presidencial, ocasião em que convidou o Papa a visitar Fátima.
"Confessou-me que não conhecia bem a realidade de Fátima. E quando desceu do avião [à chegada a Portugal, em maio de 2017] a primeira vez, disse: ainda não estou conquistado para a mensagem de Fátima. No dia seguinte, quando partiu, disse-me: estou conquistado, o Presidente tinha razão", relatou.
De acordo com Marcelo Rebelo de Sousa, "o momento decisivo para ele ter sido conquistado" por Fátima "foi quando atravessou -- o que não é habitual um Papa atravessar -- de um lado a outro o recinto, cheio, cheio, cheio, porque tinha de ir dormir a uma casa de irmãs que ficava na outra ponta".
"E foi nesse momento, há sim momentos assim, em que ele disse: fiquei a compreender a força universal de Fátima e a começar a compreender Portugal. E depois nunca mais parou", acrescentou.
Na opinião do chefe de Estado, "o país todo -- católicos, não católicos, com outras crenças, ateus, agnósticos -- foi tocado por facetas essenciais do percurso do Papa Francisco", que "disse qualquer coisa a cada um dos portugueses em algum momento do seu pontificado, muito difícil, de 12 anos".
O Papa Francisco morreu na segunda-feira, aos 88 anos.
Nascido em Buenos Aires, em 17 de dezembro de 1936, Jorge Maria Bergoglio foi eleito como sucessor de Bento XVI em 13 de março de 2013.
Assumindo o nome de Francisco I, foi o primeiro Papa jesuíta e o primeiro sul-americano a liderar a Igreja Católica.