O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, admite que houve problemas no dia do apagão e garante que é preciso tirar lições para o futuro. O chefe de Estado considera normal, e diz que faz parte da luta política, que os partidos políticos troquem acusações por conta do caso Spinumviva

Esta sexta-feira, em visita ao Quartel da Pontinha, na Amadora, o Presidente da República lembra que, até ao momento, as causas do apagão geral, na segunda-feira, ainda não foram apuradas e reconhece que o “arranque” da central hidroelétrica de Castelo de Bode foi “lento”.

“Daí o Governo já ter decidido que está a estudar acelerar aqu ilo que estava previsto para muito mais tarde, que é juntar outras centrais para situações como esta”, informa, antes de atirar que o facto de o país não estar preparado para situações desta ordem “é uma hipótese que se coloca”.

Marcelo afirma também que a resposta ao problema “demorou várias horas” e “não foi simultânea”, lembrando que em determinadas partes do território “a resposta chegou mais cedo” e noutras apenas durante o período noturno.

“Que houve problemas de comunicação houve . O próprio Governo reconheceu que o SIRESP conheceu, uma vez mais, momentos de não funcionamento. Foi patente para muitos portugueses que não receberam os SMS da Proteção Civil tão depressa quanto desejável. Até hoje não recebi nenhum . O que significa que o Governo percebeu isso e daí a iniciativa da Comissão Técnica Independente.

O chefe de Estado entende que esta foi uma “situação completamente nova que obrigou a opções novas”, que, admite, “podem ser discutíveis”:

“Por exemplo, comunicar, ou não, pela rádio, comunicar através o Governo ou a Proteção C ivil mais cedo, se é mais cedo ou mais tarde (...) aí opções das quais se vão retirar conclusões para o futuro.”

Apesar de todos os aspetos negativos, o Presidente acredita que o “saldo é positivo”, no entanto insiste na ideia de que se descobriu que “há um conjunto de vulnerabilidades que é preciso corrigir para o futuro”.

Polémica em torno da Spinumviva

Sobre as eleições legislativas agendadas para dia 18 de maio, Marcelo diz que os debates “foram úteis e importantes”, mas acrescenta que os partidos terão de esclarecer “com que base de apoio” irão trabalhar para cumprir o que prometem durante o período de campanha eleitoral.

O chefe de Estado não comentou diretamente o facto de o deputado do PSD Hugo Carneiro ter sugerido que a Polícia Judiciária verificasse o registo das chamadas telefónicas dos deputados para identificar a fonte jornalística que divulgou a declaração de interesses de Luís Montenegro, que revelou mais sete clientes da Spinumviva.

Contudo, mencionou que, durante o “clima eleitoral”, as picardias entre partidos acontecem “no dia a dia”.