Mais de 14 milhões de crianças entre os 5 e 17 anos trabalhavam em 2024 no sul da Ásia, a segunda maior região em números absolutos de trabalho infantil, segundo um novo relatório das Nações Unidas divulgado ontem.

O relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) especifica que há mais de 14 milhões de crianças afetadas na região - que inclui países como a Índia, o Paquistão e o Bangladesh - e que mais de 9,4 milhões estavam envolvidas em trabalhos considerados perigosos, como o manuseamento de maquinaria pesada ou a exposição a produtos químicos.

Em contraste com a tendência global, em que a agricultura é predominante, o trabalho infantil no Sul da Ásia é mais prevalente na indústria e nos serviços, como oficinas, mercados e trabalho doméstico.

Apesar dos números alarmantes, o relatório aponta que a tendência na região é positiva. O número de casos diminuiu significativamente desde 2020, altura em que existiam 21,8 milhões de crianças trabalhadoras.

Atualmente, a taxa de trabalho infantil no Sul da Ásia é de 3,1 por cento (uma em cada 32 crianças), abaixo da média global de 8,4 por cento e muito longe dos 21,5 por cento na África Subsariana, a região com a prevalência mais elevada. No entanto, o relatório alerta para o facto de estes progressos serem "insuficientes".

A nível mundial, o trabalho infantil continua a afetar mais os rapazes (9%) do que as raparigas (7%). No entanto, a UNICEF e a OIT referem que esta diferença de género desaparece se forem incluídas as tarefas domésticas não remuneradas, que recaem desproporcionadamente sobre as raparigas.

Embora o relatório não atribua a redução dos casos a uma causa específica, refere que progressos no acesso à educação e à proteção social e o cumprimento dos quadros jurídicos foram fatores-chave nas regiões onde se registaram reduções.

Por conseguinte, a UNICEF e a OIT instaram os governos a reforçar estes sistemas e a fazer cumprir as leis laborais.

"Só uma ação muito mais rápida e em grande escala nos aproximará da eliminação do trabalho infantil", conclui o relatório.