
Na sessão de encerramento do ciclo 'Conversas com a Sociedade', promovido pela Ordem dos Engenheiros – Região Madeira, o secretário regional dos Equipamentos e Infraestruturas, Pedro Rodrigues, apresentou um retrato detalhado da transformação energética em curso na Região Autónoma da Madeira, sublinhando o papel estratégico da electricidade na sociedade atual.
Rodrigues começou por comparar a energia eléctrica ao ar para o ser humano, destacando que, se outrora a grande preocupação era o abastecimento de água, hoje a prioridade é garantir energia de forma segura e contínua. Recordou ainda os prejuízos provocados por interrupções recentes no fornecimento, com impacto económico e social superior a 1,5 mil milhões de euros só em Portugal.
Durante a sua intervenção, o governante destacou que, entre 2023 e 2024, a Madeira registou um aumento expressivo na produção de energia de fontes renováveis. Em 2024, 33% da energia injectada na rede pública regional teve origem em fontes como a hídrica, eólica e fotovoltaica. Nos primeiros três meses de 2025, esse valor subiu para cerca de 48%.
“O objectivo traçado é claro: queremos atingir os 55% de renováveis até 2030 e os 95% até 2050”, afirmou Pedro Rodrigues, sublinhando a coerência da estratégia regional. Para apoiar essa ambição, foi recentemente aprovado um novo procedimento concursal para integrar mais 60 megawatts (MW) de energia fotovoltaica na rede, o que permitirá elevar a capacidade instalada de renováveis para cerca de 60% do total da capacidade energética da região.
Nos últimos 10 anos, registou-se um aumento de 11% na procura de electricidade, totalmente absorvido por fontes renováveis, sem necessidade de reforçar a capacidade térmica. “Temos conseguido crescer de forma sustentável, sem depender do aumento de produção a partir de combustíveis fósseis”, referiu.
O secretário regional reconheceu, no entanto, os desafios da intermitência das energias renováveis e a necessidade de garantir a estabilidade da rede. Para isso, estão em fase de testes centrais de baterias e decorre a implementação de redes inteligentes. Já foram instalados mais de 100 mil contadores inteligentes, com a conclusão da operação prevista até ao final do ano.
A fechar, Pedro Rodrigues reiterou que a transição energética na Madeira é um exemplo de equilíbrio entre sustentabilidade ambiental, eficiência económica e segurança do sistema eléctrico: “Estamos a preparar a Madeira para um futuro mais verde, mais autónomo e mais resiliente.”