
Israel surpreendeu o Irão no dia 13 de junho com uma operação militar e dos serviços secretos planeada há anos, com recurso a espiões, armas contrabandeadas e inteligência artificial, atingindo alvos de alto nível com precisão.
Segundo uma investigação da agência Associated Press (AP) esta terça-feira divulgada, Israel lançou uma vaga de ataques noturnos no final da semana passada para incapacitar rapidamente muitas das defesas aéreas e sistemas de mísseis do Irão, graças aos dados recolhidos pelos seus serviços de informações e drones previamente instalados em território inimigo.
A AP baseou-se em conversas com dez oficiais israelitas, atuais e retirados, dos serviços de informação e do Exército, alguns dos quais sob condição de anonimato.
Com maior liberdade para sobrevoar o Irão, Israel bombardeou importantes instalações nucleares e matou oficiais generais e cientistas de alto nível.
Quando o Irão conseguiu responder, horas depois, a sua capacidade de retaliação já estava enfraquecida.
A agência noticiosa não conseguiu verificar de forma independente algumas das informações prestadas pelas suas fontes, mas Sima Shine, ex-chefe de investigação da agência de espionagem israelita Mossad, confirmou os contornos básicos da operação, a partir do seu conhecimento privilegiado da forma como foi planeada e executada.
"Este ataque é o culminar de anos de trabalho da Mossad para atingir o programa nuclear iraniano", comentou Sima Shine, ex-diretora de investigação do serviço de informações externas de Israel e atual analista do Instituto de Estudos de Segurança Nacional.
Plano ativado na sexta-feira
Uma sexta ronda de negociações estava planeada para o passado domingo em Omã, mas o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ativou a "Operação Leão em Ascensão" na sexta-feira, depois de o seu país ter avisado o Presidente norte-americano, Donald Trump.
Netanyahu justificou um ataque mais agressivo contra o Irão com o alegado progresso do seu programa de enriquecimento de urânio, apesar de Teerão insistir que os seus fins são pacíficos, e dos esforços diplomáticos de Washington e ainda dos alertas dos órgãos de supervisão da ONU, além dos apelos repetidos do líder supremo iraniano, Ali Khameini, para a destruição de Israel.
A Mossad e os militares israelitas trabalharam juntos durante pelo menos três anos para estabelecer as bases operacionais, de acordo com um antigo oficial dos serviços de informação que afirmou, sob anonimato, ter conhecimento da ofensiva.
Israel aproveitou fragilidades iranianas
O ataque baseou-se no conhecimento adquirido por Israel durante uma vaga de bombardeamentos aéreos em outubro passado, que "destacou a fragilidade das defesas aéreas iranianas", referiu Naysan Rafati, analista do International Crisis Group.
Para reduzir ainda mais as defesas aéreas e os sistemas de mísseis iranianos, os agentes da Mossad contrabandearam armas de precisão para o Irão e posicionaram-nas perto dos alvos, de acordo com dois oficiais de segurança no ativo que falaram sob de anonimato.
As armas incluíam pequenos drones armados que os agentes secretos introduziram no Irão em veículos, segundo um antigo oficial dos serviços de informação, e colocaram perto de bases de mísseis terra-ar iranianos, de acordo com Sima Shine.
Com LUSA