
O Governo espanhol convocou, esta quinta-feira, o encarregado de negócios da embaixada israelita em Madrid que acusou Espanha de estar do "lado errado" da história, após o primeiro-ministro Pedro Sánchez ter-se referido, em Bruxelas, ao "genocídio em Gaza".
"O Ministério dos Negócios Estrangeiros convocou o encarregado de negócios israelita pela sua declaração inaceitável sobre o Governo espanhol", adiantaram fontes do ministério à agência France-Presse (AFP).
O Governo espanhol protesta, desta forma, contra o comunicado divulgado na quinta-feira pela embaixada israelita em Madrid, no qual qualificou de "moralmente indefensável" a decisão do primeiro-ministro Pedro Sánchez de solicitar à União Europeia (UE) a suspensão do acordo de associação com Israel.
Neste comunicado, a missão diplomática acrescentou que a posição de Sánchez coloca Espanha "do lado errado da história".
"Declarações a diabolizar Israel"
A embaixada israelita referiu-se, assim, às "declarações a diabolizar Israel" feitas por Sánchez, que pediu à UE a suspensão imediata do acordo com Israel, considerando "mais do que evidente" que o país está a violar o respeito pelos direitos humanos em Gaza.
Esta intimação foi emitida ao encarregado de negócios da embaixada israelita porque não há embaixador israelita em Espanha desde maio de 2024, quando foi chamado de volta pelo Governo de Benjamin Netanyahu depois de Sánchez ter anunciado que iria reconhecer o Estado da Palestina.
"A posição adotada pelo governo espanhol coloca a Espanha na margem mais extrema - e cada vez mais isolada - da posição europeia no Médio Oriente. E coloca-a, infelizmente, do lado errado da história", criticou o corpo diplomático israelita no comunicado.
Esta é a terceira vez que o encarregado de negócios da embaixada israelita em Madrid é convocado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros num período de pouco mais de um mês.
A última vez, em 08 de junho, o Ministério dos Negócios Estrangeiros convocou-o depois de uma embarcação que transportava ajuda humanitária para Gaza e 12 ativistas, incluindo um espanhol, ter sido intercetada por Israel.
Em 21 de maio, foi convocado em protesto contra o tiroteio levado a cabo pelo Exército israelita contra um grupo de diplomatas de vários países, incluindo um espanhol e um português, durante uma visita ao campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia.
Com Lusa