O deputado único do JPP, Filipe Sousa, disse reconhecer ao Governo vontade de resolver os problemas do país, apesar de considerar que deve esclarecimentos ao parlamento sobre a situação na saúde, educação e imigração.

Em declarações à agência Lusa em antecipação do debate do estado da nação da próxima quinta-feira, na Assembleia da República, Filipe Sousa considerou que a "classe política está completamente alheada dos problemas reais do país", mas salientou que vê no atual executivo uma "vontade de chegar à resolução de diversos problemas que se acumulam há várias décadas".

"A verdade é que há um mal-estar generalizado na nossa sociedade, são famílias que não veem nos políticos e nos nossos governantes soluções para a resolução dos problemas, vemos a classe média completamente sobrecarregada de impostos sem soluções à vista", acrescentou.

O deputado do partido sediado na Madeira disse ver "falhas clamorosas" na saúde, educação e segurança no país, lamentando "barreiras ideológicas" que impedem avanços no sentido de resolver essas questões.

Sublinhou ainda o "problema da imigração" como outras das questões pelas quais o Governo tem de responder no parlamento, mas lamentou que o tema seja abordado com "discursos muito virados para o ódio, que em nada levam à solução dos problemas", pedindo uma política humanista e de tolerância.

No debate do estado da nação - o primeiro desde que o JPP está representado no parlamento - Filipe Sousa diz querer confrontar o Governo sobre as questões das regiões autónomas, nomeadamente com o "reforço dos poderes autonómicos", a revisão da lei das finanças regionais e a valorização do Centro Internacional de Negócios da Madeira.

Filipe Sousa enfatizou ainda a necessidade de "equilíbrio nas contas públicas", defendendo que não é possível falar em "grandes investimentos" sem a consolidação das finanças.

Depois das férias parlamentares, o JPP vai focar-se, explicou o deputado único, no processo de revisão da lei das finanças regionais para acabar com o que disser uma discriminação de algumas autarquias, bem como na inclusão de medidas focadas na Madeira e grupos sociais marginalizados no próximo Orçamento do Estado.

"Será o primeiro Orçamento de Estado que eu vou folhear (...) vou trabalhar nisso com foco muito centrado na Madeira, mas também no país, porque a Madeira é uma ilha, mas há muitas ilhas no território continental: os jovens abandonados, idosos marginalizados (...) vou tentar chegar a essas franjas, a essas ilhas e dar voz a essas ilhas em nome de Portugal", explicou.

Está agendado para a próxima quinta-feira o debate sobre o estado da nação, o primeiro desde que o XXV Governo Constitucional tomou posse, que contará com a presença do primeiro-ministro, Luís Montenegro, e do restante elenco governativo.