O exército israelita afirmou hoje ter intercetado um 'rocket' disparado a partir da Faixa de Gaza, depois de as sirenes de alerta terem soado em áreas do sul de Israel.

"Após alertas na região de Lakhish (sul), um projétil que cruzou a fronteira do norte da Faixa de Gaza foi intercetado pela força aérea", indicou um comunicado militar, num momento em que Israel decidiu intensificar, desde sábado passado, a campanha militar no enclave palestiniano, palco de um conflito entre Telavive e o grupo extremista Hamas desde outubro de 2023.

Hoje, o ministro da Defesa israelita avisou que a operação em curso desde sábado na Faixa de Gaza ainda está "no início", o que já obrigou à deslocação de milhares de palestinianos no norte e sul do enclave.

"Estamos no início da manobra 'Carruagens de Gideão', que tem um duplo objetivo: libertar os homens e mulheres raptados e derrotar o Hamas em Gaza", disse Israel Katz, durante uma visita à base naval de Ashdod, cerca de 30 quilómetros a norte da fronteira com Gaza, segundo um comunicado do Ministério da Defesa.

Durante a visita, Katz percorreu com a Marinha a costa de Gaza, onde centenas de milhares de pessoas que fogem da operação militar de Israel se aglomeram nas praias de Mawasi, no sul, e no porto da cidade de Gaza, no norte.

No sábado, as tropas israelitas começaram a penetrar cada vez mais no enclave palestiniano, avançando sobre a cidade de Deir al-Balah (centro), onde não tinham entrado desde o início da guerra, há 19 meses, e que era um refúgio para milhares de palestinianos, bem como onde estavam sediadas várias organizações internacionais.

Já nos dias anteriores, as forças armadas israelitas tinham aumentado os bombardeamentos em Gaza, o que fez com que, desde a passada quinta-feira, o número de palestinianos mortos em Gaza rondasse ou ultrapassasse a centena por dia.

Antes do início da operação, e embora 90% da população do pequeno território de cerca de 2,4 milhões já esteja deslocada, a agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNWRA) estimava em 436.000 o número de palestinianos deslocados desde que Israel quebrou o cessar-fogo em Gaza, a 18 de março.

No âmbito da nova ofensiva, Israel ordenou a retirada dos palestinianos de toda a província de Khan Yunis (sul), uma das mais densamente povoadas, para as margens de Mawasi.

A operação ocorre quando dois milhões de palestinianos enfrentam a fome, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), após mais de dois meses e meio de bloqueio, por Israel, da entrada de qualquer camião com ajuda humanitária.

Alvo de forte pressão internacional, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou no domingo que iria autorizar a entrada de uma "quantidade básica de alimentos destinados à população, a fim de evitar o desenvolvimento da fome" na Faixa de Gaza.

Na terça-feira, entraram 93 camiões de ajuda humanitária da ONU, depois de na véspera apenas nove terem sido autorizados, o que a organização classificou como "uma gota de água no oceano" perante as necessidades da população.

A ofensiva israelita em Gaza, desencadeada pelo ataque do movimento islamita palestiniano Hamas em 07 de outubro de 2023, matou cerca de 53.500 pessoas em Gaza, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do enclave, tutelado pelo Hamas.

O ataque do Hamas causou a morte de 1.218 pessoas do lado israelita, na maioria civis, segundo uma contagem da agência noticiosa France-Presse (AFP) baseada em dados oficiais.

Das 251 pessoas raptadas nesse dia, 57 ainda se encontram na Faixa de Gaza, 34 das quais foram declaradas mortas pelo exército.