O Irão não está convencido que Israel cumpra o cessar-fogo acordado há cerca de uma semana, negociado juntamente com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ao mesmo tempo, Teerão quer que a Organização das Nações Unidas (ONU) declare que Telavive e Washington foram os verdadeiros responsáveis pela guerra de 12 dias.

“Não começámos a guerra, mas respondemos ao agressor com todo o nosso poder e, como temos sérias dúvidas sobre o cumprimento dos compromissos do inimigo, incluindo com o cessar-fogo, estamos prontos para responder com força [em caso de novo ataque]”, adiantou o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas do Irão, Abdolrahim Mousavi, à televisão estatal iraniana, este domingo.

Há cerca de uma semana, na última segunda-feira à noite, Donald Trump anunciou que as duas partes tinham chegado a um acordo de tréguas, pondo assim fim à guerra que durou 12 dias e que começou com um ataque inesperado de Israel a instalações militares e a instalações do programa nuclear iraniano. Segundo Telavive, Teerão estava a aproximar-se do “ponto de não retorno” na construção de uma bomba atómica.

O Irão pediu, também este domingo, que as Nações Unidas reconheçam que Israel e os EUA foram os responsáveis pela ofensiva e que, por isso, devem pagar “compensações e reparações”. “Solicitamos oficialmente que o Conselho de Segurança [da ONU] reconheça o regime israelita e os Estados Unidos como os iniciadores do ato de agressão e reconheça a sua responsabilidade subsequente, incluindo o pagamento de compensações e reparações”.

A carta foi escrita pelo ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, e dirigida ao secretário-geral da ONU, António Guterres. Os ataques israelitas mataram vários líderes militares e cientistas nucleares importantes, cujos funerais se realizaram este sábado na capital iraniana. Centenas de milhares de pessoas estiveram presentes e, durante a cerimónia, gritou-se “Morte a Israel” e “Morte à América”.

Este domingo, o porta-voz das autoridades judiciárias iraniano, Asghar Jahangir, revelou que 71 pessoas foram mortas no bombardeamento israelita contra a prisão de Evin, em Teerão, na semana passada. Estão detidos presos políticos e opositores da República Islâmica nesta prisão. As vítimas, segundo Jahangir, são funcionários, presos, familiares dos presos e civis que moravam perto do estabelecimento prisional.

Os ataques israelitas e norte-americanos danificaram infraestruturas do programa nuclear iraniano, e esses danos foram “significativos mas não completos”, alertou o diretor da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA). Segundo Rafael Grossi, numa entrevista divulgada este domingo pela CBS, o Irão tem capacidade técnica para poder voltar a enriquecer urânio “dentro de alguns meses”.