O secretário-geral da ONU está "profundamente alarmado" com o contínuo bombardeamento russo a cidades ucranianas e salientou que atacar civis é proibido pelo direito internacional humanitário, indicou hoje o porta-voz de António Guterres.

No encontro diário com a imprensa, em Nova Iorque, o porta-voz de Guterres referiu diretamente os recentes ataques russos em Kharkiv, Kherson, Dnipro, assim como o ataque mortal da semana passada em Kryvyi Rih, sublinhando que qualquer ataque contra civis ou objetos civis deve terminar imediatamente, independentemente de onde ocorra.

"Reiteramos o apelo do secretário-geral para um cessar-fogo duradouro e o nosso apoio a esforços significativos no sentido de uma paz justa, duradoura e abrangente que defenda plenamente a soberania, a independência e a integridade territorial da Ucrânia, em conformidade com a Carta da ONU, o direito internacional e as resoluções relevantes das Nações Unidas", afirmou Stéphane Dujarric.

Imediatamente depois do ataque em Kryvyi Rih, no qual morreram 20 pessoas, a ONU, juntamente com esforços dos socorristas locais, parceiros humanitários e com a Cruz Vermelha Ucraniana, prestou os primeiros socorros e apoio psicológico no local.

"Nós e os nossos parceiros também auxiliamos em evacuações médicas, entregamos material cirúrgico de emergência a hospitais locais, organizamos refeições quentes e distribuímos outros materiais", acrescentou Dujarric.

Na sequência desse ataque russo, a Ucrânia pediu uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU, anunciou o chefe da diplomacia de Kiev, Andrii Sybiga.

O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano acrescentou que as reuniões vão contribuir para os "esforços de paz" e responsabilizar a Rússia.

Sybiga lembrou que entre os 20 mortos no bombardeamento com um míssil balístico contra Kryvyi Rih, no centro do país e cidade natal do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, estavam nove menores, o que representa "o maior número de crianças mortas num único ataque desde 2022".

"A Rússia atacou parques infantis numa área residencial. Com uma ogiva 'cluster' para maximizar as baixas", descreveu.

O chefe da diplomacia ucraniana pediu mais uma vez "uma forte condenação e uma ação decisiva" para parar os ataques de Moscovo.

Por sua vez, a Rússia negou que esteja a dirigir operações contra alvos civis.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).