
O Governo Regional pretende realizar um "estudo independente" com o objectivo de apurar "o que é possível fazer na Madeira e como devemos manter o mercado na Madeira", face à liberalização a nível nacional.
A intenção foi apontada por Miguel Albuquerque, no decorrer da inauguração do primeiro parque híbrido de produção de energia a partir de fontes renováveis da Região, no Paul da Serra, que junta energia eólica e solar.
Depois de feito o estudo, deverá o Executivo madeirense "apresentar junto das entidades reguladoras nacionais para termos uma discriminação positiva na Madeira", uma forma de fazer face às especificidades regionais.
Com o processo de liberalização nacional ainda em curso, o presidente do Governo Regional reforça que a limitação geográfica insular e a limitação de mercado, bem como pelo número de operadores que operam na Região, deverão ser tidos em linha de conta pelas entidades nacionais que regulam o sector.
Miguel Albuquerque reforçou a intenção de ser alcançada, até ao final deste ano, a meta dos 50% de capacidade de produção de energia renovável instalada, que neste momento rondará os 47%.
Mas a capacidade instalada não se traduz obrigatoriamente em produção efectiva. No ano passado, por exemplo, a quantidade de energia produzida na Madeira a partir de fontes renováveis rondou os 34%. Mas, este ano, no mês de Fevereiro, por outro lado, essa produção chegou aos 80%.
Cerca de 80% das renováveis em mãos privadas
O investimento de 25 milhões de euros hoje inaugurado no Paul da Serra, que junta a produção de energia renovável a partir do vento e do sol tem capacidade instalada para abastecer mais de 34 mil habitações.
Em causa está uma infraestrutura cuja implementação teve inicio em 2022, com quatro torres eólicas, e que agora fica concluída com a operacionalização do parque fotovoltaico de 11 mil painéis associado, tornando na primeira unidade híbrida da Região e a terceira do País.
Estamos perante uma capacidade de produção na ordem dos 25MW (18 MW eólica e 7 MW solar), toda ela adquirida pela Empresa de Electricidade da Madeira, sendo suficiente para satisfazer as necessidades energéticas de 34 mil casas.
Aos jornalistas, Aurélio Tavares destacou a optimização da produção com esta hibridização, beneficiando uma maior constância na energia que é injectada na rede.
O empresário que tem vários investimentos nesta área aponta as particularidades associadas à aposta neste ramo de negócio na Madeira, sobretudo relacionadas com os maiores custos de produção, pelo que lamenta a imposição de um tarifário nacional sem ter em conta estas particularidades. Nesse sentido, aproveitou a ocasião para pedir ao Governo Regional uma intervenção nesta matéria, de modo a ser implementada uma maior equidade.
No futuro, Aurélio Tavares coloca a hipótese de substituição de torres eólicas mais antigas por equipamentos mais recentes e mais rentáveis, que garantam maior produção.
Neste momento, a capacidade produtiva desta empresa, ao nível da energia eólica representa 25% da produção regional a esse nível, a mesma capacidade instalada que possui a Região, de um conjunto que totaliza 70% da capacidade de produção renovável da Madeira.
A supremacia do investimento privado nesta matéria foi enaltecida por Miguel Albuquerque, que apontou para cerca de 80% da capacidade renovável na mão dos privados. "Neste momento [os privados] têm uma grande percentagem do mercado, e ainda bem que têm, pois são empresas que têm essa capacidade e têm a tecnologia para o fazer", sustentou, salientando a regulação feita pela EEM.